ATA DA CENTÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 24.11.1997.

 


Aos vinte e quatro dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Eliseu Sabino, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Isaac Ainhorn, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Centésima Quarta Sessão Ordinária e da Trigésima Segunda Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Lauro Hagemann, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 27/97 (Processo nº 3482/97); pelo Vereador Nereu D'Ávila, 02 Emendas ao Projeto de Lei do Legislativo nº 160/97 (Processo nº 2670/97); pela Vereadora Tereza Franco, 01 Pedido de Providências e as Indicações nºs 131, 133, 134 e 135/97 (Processos nºs 3523, 3525, 3526 e 3527/97, respectivamente). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 512, 513, 514 e 515/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 464/97, do Senhor João Carlos Vasconcellos, Diretor-Presidente da Empresa Porto-Alegrense de Turismo S.A. - EPATUR; s/nº, da Empresa Porto-Alegrense de Turismo S.A. - EPATUR; s/nº, da Senhora Arlete Mazzo, Presidenta da Associação de Moradores do Bairro Vila Nova; Convites: da Câmara de Indústria e Comércio Brasil-Argentina, e do Consulado Argentino, para a reunião-almoço com o Doutor Alieto Aldo Guadagni, Secretário da Indústria, Comércio e Mineração da Argentina; da Fundação Moab Caldas de Umbanda e Africanismo, para a II Semana Umbandista e Africanista; da Comissão de Educação, Cultura e Esportes da Câmara Municipal de Porto Alegre, para o debate sobre o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, que examina a viabilidade de construção da Pista de Eventos no Parque Marinha do Brasil; Impressos: do Instituto Municipalista Brasileiro - IMB, divulgando o XI Congresso Nacional de Vereadores, em Manaus/AM; da Associação dos Farmacêuticos do Rio Grande do Sul - AFARGS, encaminhando o seu Boletim Informativo nº 5, de setembro/1997. A seguir, o Senhor Presidente registrou o início, no dia de hoje, das transmissões das atividades deste Legislativo, através da "TV - Câmara Municipal de Porto Alegre", no Canal 16 da NET. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Paulo Bottega Salvatore, Presidente da Associação dos Moradores, Produtores Rurais e Ambientalistas da Grande Vila Nova, que manifestou o posicionamento da Entidade que preside, acerca do Projeto de Lei do Executivo nº 56/97, em tramitação neste Legislativo, que versa sobre a desafetação e permuta de área localizada naquela região. Na oportunidade, o Senhor Presidente deferiu Requerimento verbal de autoria do Vereador João Dib, solicitando sejam as notas taquigráficas do discurso do Senhor Paulo Bottega Salvatore anexadas ao Projeto de Lei do Executivo nº 56/97 (Processo nº 3435/97). Após, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Adeli Sell, solicitando alteração na ordem dos trabalhos. Também, o Vereador João Carlos Nedel solicitou intermediação da Casa para que seja marcada reunião entre o Executivo Municipal e representantes da Associação dos Moradores, Produtores Rurais e Ambientalistas da Grande Vila Nova, para tratar de questões referentes ao Projeto de Lei do Executivo nº 56/97, solicitação esta apoiada pelo Vereador Carlos Garcia. Ainda, o Senhor Presidente registrou a presença dos ex-Vereadores Ervino Besson e Airto Ferronato. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Paulo Brum registrou a presença do Senhor Jorge Paulo Teixeira, morador do Bairro Restinga, que, com apenas vinte e quatro anos, foi vítima de briga de "gangues" de rua, ficando paraplégico. Relatou problemas enfrentados por este jovem, o qual não possui os recursos financeiros necessários para uma devida reabilitação e reintegração social. Na oportunidade, o Vereador Cláudio Sebenelo manifestou-se acerca do caso relatado pelo Vereador Paulo Brum. A seguir, foram apregoados Requerimentos de Licenças para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, de autoria dos Vereadores Antônio Losada, José Valdir e Antonio Hohlfeldt, tendo o Senhor Presidente declarado empossados na vereança os Suplentes Maristela Maffei, em substituição ao Vereador Antônio Losada, Helena Bonumá, em substituição ao Vereador José Valdir, e Gilberto Batista, em substituição ao Vereador Antonio Hohlfeldt. Ainda, o Senhor Presidente informou que os Suplentes Maristela Maffei e Helena Bonumá integrarão a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação e o Suplente Gilberto Batista integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Após, foi iniciado o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a homenagear o Tenente-Coronel Amilcar Cassales Barros, Comandante do 1º Grupamento de Combate a Incêndio, por ocasião de sua passagem para a reserva, nos termos do Requerimento nº 273/97 (Processo nº 3310/97), de autoria do Vereador Adeli Sell. Compuseram a Mesa: o Vereador Clovis Ilgenfritz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Ricardo Gothe, representando o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Coronel Joaquim Correia Santos Rocha, Comandante do Corpo de Bombeiros, representando o Comando-Geral da Brigada Militar; o Senhor Waldemar Pasteur Pinheiro, Coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre; o Tenente-Coronel <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Amilcar Cassales Barros, Homenageado; o Vereador Paulo Brum, 1º Secretário da Casa. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Adeli Sell agradeceu ao Tenente-Coronel Amilcar Cassales Barros pelo trabalho realizado junto ao Corpo de Bombeiros, declarando ter sido a atuação de Sua Senhoria marcada pela coragem e pela dedicação à comunidade. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou, como extensão da Mesa, as presenças do Tenente-Coronel Guacir Bueno; das Senhoras Elza Barros e Simone Barros, respectivamente, mãe e esposa do Homenageado; dos Senhores Juliano e Luciana Barros, filhos do Homenageado; de integrantes do 1º Grupamento de Combate a Incêndios e de Oficiais e Praças da Brigada Militar. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Carlos Garcia teceu considerações acerca da história da Brigada Militar, afirmando observar-se uma busca constante de prestação de melhores serviços à população e lembrando a presença da Brigada Militar nas conquistas esportivas do Estado. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Tenente-Coronel Amilcar Cassales Barros, que agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Vereador Reginaldo Pujol registrou que a Bancada do PFL soma-se às homenagens deste Legislativo ao Tenente-Coronel Amilcar Cassales Barros. Em continuidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Subcomandante Juarez Fernandes de Souza, e convidou os Senhores Vereadores a dirigirem-se à rampa de entrada deste prédio, para fotografia que integrará a exposição fotográfica alusiva aos cinqüenta anos de atividade ininterrupta da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e dezenove minutos, os trabalhos foram suspensos, nos termos regimentais, sendo os mesmos reabertos, constatada a existência de "quorum", às quinze horas e quarenta e três minutos. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador João Dib teceu comentários acerca das relações hoje existentes entre o Executivo e o Legislativo Municipais, salientando situações observadas durante a tramitação, na Casa, do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97. Ainda, analisou aspectos referentes à vigência dos prazos da Lei de Diretrizes Orçamentárias para alterações relativas ao Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU. O Vereador João Motta registrou o transcurso, amanhã, do Dia Internacional dos Doadores de Sangue, tecendo considerações acerca de projeto em desenvolvimento pelos Bancos de Sangue do Hospital de Clínicas e do Hospital Conceição, pelo Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS - GAPA e pelo Centro dos Hemofílicos do Rio Grande do Sul, no sentido de conscientizar a população acerca da importância da doação voluntária de sangue como medida necessária para salvar vidas. Na oportunidade, o Senhor Presidente informou que todos os Senhores Vereadores serão registrados como doadores de sangue e órgãos na nova carteira de identidade. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Maristela Maffei congratulou-se com a Mesa Diretora pela viabilização da TV - Câmara Municipal de Porto Alegre, analisando a importância da divulgação dos trabalhos realizados por este Legislativo. Também, teceu críticas ao processo de globalização vigente a nível nacional e internacional e defendeu a forma como é adotado o Orçamento Participativo na Cidade. O Vereador Juarez Pinheiro declarou que a TV - Câmara Municipal de Porto Alegre democratiza as informações e proporciona uma maior abrangência aos trabalhos da Casa. Relatou sua participação, juntamente com o Vereador José Valdir, na Conferência Hemisférica contra os Tratados de Livre Comércio e as Privatizações, realizada na cidade de San Francisco, Estados Unidos, no período de quatorze a dezesseis de novembro do corrente. Ainda, denunciou a falta do devido processo licitatório nos contratos da Companhia Riograndense de Telecomunicações - CRT com a Empresa Listel, objetivando a edição de listas telefônicas. Na ocasião, a Vereadora Maria do Rosário, através de Questão de Ordem, informou que o assunto abordado pelo Vereador Juarez Pinheiro, referente aos contratos entre a CRT e a Listel, estará na pauta da próxima reunião da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Lauro Hagemann discorreu acerca da aprovação do novo Código Nacional de Trânsito, analisando as principais inovações de caráter cogente e educativo ali observadas, principalmente no que se refere aos direitos e deveres do pedestre. A Vereadora Maria do Rosário discorreu sobre os resultados de pesquisa realizada pela Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul - FAMURS, divulgada pela imprensa, relativa à impossibilidade de vários municípios gaúchos efetuarem o pagamento do décimo-terceiro salário de seus funcionários, devido à incidência de leis federais que acarretam uma diminuição na arrecadação tributária. O Vereador Isaac Ainhorn saudou a iniciativa deste Legislativo, de criação da TV - Câmara Municipal de Porto Alegre. Referiu-se à retirada de tramitação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97, afirmando que a apresentação de novo projeto relativo à Planta Genérica de Valores para Imóveis em Porto Alegre contraria prazos constantes da Lei Orgânica Municipal e a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Na ocasião, foi apregoada a Emenda nº 14, de autoria do Vereador Clovis Ilgenfritz, ao Projeto de Lei do Executivo nº 42/97 (Processo nº 3033/97). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão teceu considerações acerca do Relatório de Impacto Ambiental referente à construção de uma pista de eventos em Porto Alegre. Ainda, referiu-se à realização, na Cidade, da I Bienal de Artes Visuais do MERCOSUL, salientando que tal evento somente foi possível face à participação do Governo Estadual. O Vereador João Dib teceu comentários acerca dos reflexos da Lei Kandir na economia gaúcha, em especial no que concerne às indústrias calçadistas localizadas no Vale do Rio dos Sinos. Ainda, discorreu sobre a proposta orçamentária para o próximo ano, encaminhada pelo Executivo Municipal, ressaltando aspectos relativos ao projeto de construção de uma pista de eventos na Cidade. Na ocasião, o Vereador Isaac Ainhorn formulou Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem dos trabalhos, o qual foi posteriormente retirado pelo Autor. Ainda, o Vereador Renato Guimarães, através de Questão de Ordem, manifestou-se acerca do andamento dos trabalhos da presente Sessão. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 09/97, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 201 e 202/97, o Projeto de Resolução nº 34/97; em 2ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 193/97, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 06 e 198/97, o Projeto de Lei do Executivo nº 56/97, os Projetos de Resolução nºs 35 e 36/97; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 189, 192, 193, 194 e 200/97, o Projeto de Lei do Executivo nº 54/97. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo referiu-se à retirada de tramitação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97, relativo à proposta de alteração da Planta Genérica de Valores para Imóveis de Porto Alegre, para fins de cálculo do IPTU. Ainda, teceu críticas à forma como o Executivo Municipal vem encaminhando a proposta de construção de uma pista de eventos no Parque Marinha do Brasil. O Vereador Gilberto Batista comentou reunião mantida com o Senhor Prefeito Municipal, ocorrida na última quinta-feira, da qual participaram também os Vereadores Luiz Braz e Clênia Maranhão, onde foram debatidos aspectos técnicos referentes à construção de uma pista de eventos na Cidade. O Vereador Gerson Almeida teceu considerações acerca de índices estatísticos relativos à arrecadação do Município através do IPTU, ressaltando diminuição atualmente verificada na taxa de inadimplência dos contribuintes. Também, ao referir-se à retirada de tramitação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97, afirmou que tal atitude possibilitará um debate mais aprofundado sobre questões referentes ao IPTU. O Vereador Elói Guimarães congratulou-se com a Mesa Diretora, pelo início das transmissões da TV - Câmara Municipal de Porto Alegre, salientando que tal permitirá à população de Porto Alegre um contato mais estreito com o cotidiano do Poder Legislativo. Na ocasião, o Senhor Presidente informou que enviará aos Senhores Vereadores um comunicado escrito acerca da programação, horários de transmissão e outros informes relativos à TV - Câmara Municipal de Porto Alegre, tendo os Vereadores Gilberto Batista, Pedro Américo Leal e Gerson Almeida congratulado-se com a Mesa pelo início dessas transmissões. Também, o Senhor Presidente prestou informações acerca do andamento das obras no Plenário Otávio Rocha. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Garcia saudou a Mesa Diretora pelo início das transmissões das atividades deste Legislativo através da televisão. Teceu comentários acerca dos assaltos que ocorrem na "freeway", ressaltando que a freqüência dos mesmos tende a aumentar durante o verão e solicitando medidas da Brigada Militar a respeito. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a conquista, pelo Funcionário Francisco Hipólito, do sexto lugar na Rústica dos Arquitetos, na categoria "G", a nível nacional. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na ocasião, o Senhor Presidente, face a Questões de Ordem suscitadas pelo Vereador Isaac Ainhorn, prestou esclarecimentos acerca dos projetos em tramitação na Casa que possuem solicitações de regime de urgência. Às dezessete horas e quarenta e quatro minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, para a realização de Reunião Conjunta de Comissões Permanentes, tendo os mesmos sido retomados às dezoito horas e dois minutos, constatada a existência de "quorum". A seguir, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Gerson Almeida, solicitando alteração na ordem de votação da matéria a ser apreciada, por vinte e quatro votos SIM, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol, João Dib, Cláudio Sebenelo e Isaac Ainhorn, em votação nominal solicitada pelo Vereador Isaac Ainhorn, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Eliseu Sabino, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos, Gilberto Batista, Helena Bonumá e Maristela Maffei. Na ocasião, o Vereador Cláudio Sebenelo formulou Requerimento verbal solicitando alteração na ordem de votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 21/97, com Veto Total aposto, tendo o Senhor Presidente informado estar este Projeto em seu último prazo regimental para votação. Ainda, o Vereador Paulo Brum, reportando-se ao seu pronunciamento em Comunicação de Líder, registrou ter o Senhor Jorge Paulo Teixeira conseguido atendimento no Hospital Conceição, agradecendo a colaboração para tal recebida do Vereador Cláudio Sebenelo, e o Vereador Cláudio Sebenelo manifestou-se acerca do assunto. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 21/97, com Veto Total a ele aposto, que, após ser discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Elói Guimarães, deixou de ser votado face à declaração de nulidade de votação de prorrogação dos trabalhos da Sessão, devido à falta de "quorum" deliberativo. Na oportunidade, o Vereador Cláudio Sebenelo cedeu seu tempo de discussão do Projeto de Lei do Legislativo nº 21/97 para o Vereador Reginaldo Pujol. Foi votado Requerimento de prorrogação da presente Sessão, o qual obteve doze votos SIM e três votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Reginaldo Pujol, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Cyro Martini, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Motta, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Paulo Brum, Renato Guimarães, Helena Bonumá e Maristela Maffei e Não os Vereadores Elói Guimarães, João Dib e Pedro Américo Leal, votação essa considerada nula pelo Senhor Presidente. Às dezoito horas e cinqüenta e um minutos, constatada a inexistência de "quorum" deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A Mesa tem a grande satisfação de informar aos Srs. Vereadores, Vereadoras, servidores da Casa, em especial à população de Porto Alegre e do nosso Estado que esta é uma Sessão histórica, uma vez que estamos, pela primeira vez, com transmissão direta, através da “TV-Câmara Municipal de Porto Alegre”, no Canal 16 da NET, de todas as atividades da Câmara. Estamos com os programas da Câmara, Sessões Ordinárias, alguns trabalhos das Comissões Permanentes e Especiais, com noticiário da Casa, e a partir de hoje, estarão sendo retransmitidos no Canal 16, da NET .

 Portanto, é um momento histórico que, em nome da Mesa Diretora, do Secretário Paulo Brum, do Vice-Presidente Reginaldo Pujol, dos demais membros da Mesa, Ver. Isaac Ainhorn, Guilherme Barbosa e Carlos Garcia, quero dizer que é muito importante para nós termos conquistado este espaço. De hoje em diante a Casa terá uma comunicação direta com a população da Cidade, do Estado, através do Canal 16 da NET.

 Estamos avisando a todos as Sras. e Srs. Vereadores que esta transmissão está sendo gravada e, dentro de duas horas, começará a ser passado pela Televisão, Canal 16. 

 Passamos ao período de

TRIBUNA POPULAR

 

O orador é o Sr. Paulo Bottega Salvatori, Presidente da Associação dos Moradores, Produtores Rurais e Ambientalistas da grande Vila Nova, que irá se pronunciar a respeito do PLE nº 56/97, que versa sobre a desafetação e permuta de área da região.

 

O SR. PAULO BOTTEGA SALVATORI: Sr. Presidente Srs. Vereadores. Nós moradores da Vila Nova estamos aqui para reclamar contra esse Projeto, PLE nº 56/97 que será apreciado por esta Casa, quanto à permuta de áreas para que se possa construir o futuro Shopping Cristal.

A área que está sendo oferecida, em troca dessa outra área do Bairro Cristal, localiza-se na Vila Nova. Como todos os senhores sabem, no entroncamento da Estrada Três Meninas, Cristiano Kraemer e Beco do Império. Lá existe uma grande porção de mata virgem, uma parte em restauração e grande fluência de água, grande nascedouro, um grande riacho que irriga várias plantações da Vila Nova. Essa área não vem sendo tocada desde o ano de 1982 e, como tal, se transformou num paraíso ecológico para as aves da Vila Nova. Não só para as aves, mas para todo o ecossistema daquele Bairro. Isso influenciará negativamente no resto da Cidade se não forem observadas certas normas legais hoje existentes. Foi dito, neste Projeto encaminhado a esta Casa, que a área é de ocupação intensiva; portanto, Senhores, ela deve-se submeter ao preceito do art. 84, da Lei Complementar nº 43, que exige um estudo que demonstre ausência de prejuízo ao entorno urbano, ausência de necessidade de redimensionamento da infra-estrutura urbana, de rede viária dos transportes ou dos equipamentos públicos existentes ou projetados. Nenhum desses equipamentos existem no local. Aquela área, por assim dizer, é selvagem, embora cercada de zona urbana, e 12 m² por pessoa nas cidades para que se possa ter um nível mínimo de vida.

Um dos senhores espalhou uma notícia dizendo o que é o verde e por que precisamos do verde. Diz: "No ambiente urbano a presença do verde, é um elemento tão importante quantos os postes, as ruas e as calçadas, além de enfeitar a cidade, ser o recanto da fauna e promover um certo descanso para os olhos dos porto-alegrenses.” Os parques exercem outras funções, mas é em grande parte cercada, também, de plantações. Nós precisamos preservar essa área por causa do seu próprio potencial ecológico. Esse potencial já é previsto no art. 225 da Constituição Federal que define o meio ambiente.

Nós estamos aqui, hoje, para reivindicar que esse meio ambiente seja preservado. O Projeto que foi apresentado nesta Casa também infringe todas as normas constantes da lei do meio ambiente: a 6938, de 31 de agosto de 1981. Obrigatoriamente esta Casa, como fiscalizadora da lei, não poderá passar por cima desses preceitos legais. Até mesmo se não houvesse esses preceitos que impõe a negativa dos Senhores a essa permuta apresentada teríamos a questão da quantidade de verde que existe no local. E verde, segundo a Organização Mundial da Saúde, é necessário um mínimo, conforme o Professor de Biologia, Samuel Murgel Branco, no livro - "Ecologia da Cidade: as árvores são importantíssimas para o equilíbrio climático. Elas fazem sombra e o verde absorve quantidade de irradiações quentes produzidas pelo sol. As plantas servem como bombas de sucção, ao extrair continuamente água do solo para devolvê-la ao ar. A vegetação também influencia no regime de ventos, torna-os mais brandos, mais frescos e menos carregados de poeira. Auxilia ainda na retenção do material particulado, lançado pelas chaminés e canos de descarga dos veículos." Isso não foi dito por ninguém da Vila Nova, mas, sim, por Gerson Almeida, Líder do PT nesta Casa. Esperamos que ele lembre de suas palavras na hora da votação, assim como esperamos que todos lembrem da sua obrigação de fiscalizar e exigir o cumprimento da Lei.

Não podemos esquecer que o verde, hoje existente lá, não pode ser sequer cogitado para ser substituído por novos plantios. Lá existem figueiras com aproximadamente 200 anos. Outras árvores que a cercam, vieram a produzir o que se chama de microcosmos, que se coaduna com o macrocosmos. Digamos que os Senhores aprovem e, lamentavelmente, não tenhamos condições de ir à Justiça para buscar um direito assegurado pelas leis deste país e, inclusive, pela Constituição. Quantos anos irá precisar para que o verde que se plante hoje, chegue a atingir a massa que lá existe? Nós temos consciência do problema que isso causará a todo o meio ambiente, com reflexos em toda a Porto Alegre. Portanto, precisamos preservar aquilo. E não existe nenhuma conotação de preconceito com quer que seja porque, muitas vezes, oferecemos alternativas para a Prefeitura e para a empresa que irá construir o Shopping Cristal. Oferecemos áreas em melhores condições e localização, sem problemas com o ecossistema. Isso tudo está sendo esquecido. Existe um cabeça dura, por assim dizer, do Executivo Municipal em querer assentar essas Vilas sobre essa grande massa verde que se encontra na Vila Nova. Não encontramos muitas respostas para isso, mas nos sentimos extremamente discriminados à medida em que, a teor do art. 23 da Lei Complementar nº 43, ao povo que mora no Menino Deus é concedido um plebiscito para votar se quer ou não receber o sambódromo, e a Vila Nova sequer é recebida pelo Prefeito. Nós sim, se existe alguma discriminação, estamos sendo discriminados. Voltamos, então, hoje, a esta Casa pedindo, exigindo o cumprimento das leis que existem no País.

Esperamos que, realmente, a consciência de todos os senhores se voltem para o problema que isso irá causar e não, simplesmente, para os votos das eleições do ano que vem. Temos condições de achar soluções adequadas a esta permuta. Temos áreas em Porto Alegre sem problemas com o ecossistema. Por que, então, criar discórdia entre a população? Jogando, inclusive, como ouvimos falar, de que a população da Vila Nova não quer esse pessoal lá. Não temos esse preconceito. Nós queremos é a garantia da Lei quanto ao meio ambiente. Oferecemos áreas perto do local. Vou evitar de citar alguma para não esquecer de outras. Mas não estamos sendo ouvidos. Queremos, realmente, que esta Casa pense a respeito.

Temos também outro problema que tomamos conhecimento dentro deste projeto de permuta. Há muito tempo coloquei para alguns vereadores que neste projeto de permuta não pode ser computado o valor das construções a serem erigidas, porque essas construções são o mínimo de indenização a essas pessoas que serão removidas para a construção do Shopping Cristal. Isso, portanto, não pode compor o projeto de permuta. Os senhores terão que exigir que seja alterado esse projeto para que possam apreciá-lo com tranqüilidade e serenidade. Que nele seja colocado simplesmente o valor da terra nua, porque, realmente, acrescendo o preço das benfeitorias se estará burlando um efeito básico que é a indenização daquelas famílias. Se hoje elas estão em prédios públicos de lá não podem ser removidos sem uma devida compensação, mas não será a o Município abrindo mão das suas prerrogativas, que essas indenizações irão ocorrer. Portanto, não há como colocar, no nosso entender, o valor dessas benfeitorias dentro dessa permuta.

Precisaria falar mais, mas lamentavelmente o tempo é curto. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Senhor Presidente, requeiro que o pronunciamento do Sr. Paulo B. Salvatori seja anexado ao Processo nº 3435/97 – PLE nº 56/97, que trata da desafetação da área.

 

O SR. PRESIDENTE: Está deferido o seu Requerimento.

 

O SR. ADELI SELL (Requerimento): Requeiro a inversão na ordem dos trabalhos e que passemos imediatamente ao Grande Expediente, na medida em que o Ten. Cel. Amilcar Cassales Barros já se encontra aqui na Casa com várias pessoas ligadas ao Corpo de Bombeiros.

 

O SR. PRESIDENTE: Existe uma Comunicação de Líder do Ver. Paulo Brum, imediatamente faríamos o Grande Expediente uma vez que os homenageados estão presentes.

Em votação Requerimento do Ver. Adeli Sell solicitando que a ordem dos trabalhos seja invertida colocando em primeiro lugar a Comunicação de Líder do Ver. Paulo Brum, e, logo a seguir, o Grande Expediente. Os Vereadores que aprovam permaneçam como estão. (Pausa.) APROVADO o Requerimento.

Solicito ao Ver. Isaac Ainhorn que assuma a Presidência. Passemos a palavra ao Ver. Paulo Brum, em Liderança. Entretanto, como ainda não encerramos o momento da Tribuna Popular, pergunto se não há nenhuma liderança que queira falar a respeito do que foi trazido aqui pela Associação dos Moradores, Produtores Rurais e Ambientalistas da Vila Nova...

 

O SR. JOÃO NEDEL( Esclarecimento): O palestrante de hoje disse que o Prefeito não o está recebendo. Consulto a Presidência se ela pode fazer a gentileza de interceder e conseguir essa audiência com o Sr. Prefeito.

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A Mesa vai fazer dois movimentos. O primeiro é conferir com o Prefeito do porquê não está recebendo; segundo, se isso aconteceu, não há dúvida, quero crer que há algum mal entendido. Mas farei essa intermediação.

 

O SR. JOÃO NEDEL: Em prol do bem comum a possibilidade de harmonia entre os poderes.

 

O SR. PRESIDENTE: Isso é o que sempre procuramos. Quero, com muita satisfação, anunciar a presença entre desse querido Ex-Vereador, atual suplente, Ervino Besson, e o Ex-Presidente, Airto Ferronato, do qual eu tive a honra de ser Primeiro Secretário. Sejam bem-vindos. (Palmas.)

Os dois ex-Vereadores poderão participar da Mesa.

 

O SR. CARLOS GARCIA (Questão de Ordem): Em cima da própria fala do Ver. João Nedel, pedimos essa audiência, e que neste dia a Associação pudesse enviar ao Sr. Prefeito essas propostas de alternativa de outras áreas, por escrito. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Será colocado. Encerramos o período da Tribuna Popular agradecendo a presença do Sr. Paulo Bottega Salvatori e dos demais representantes da Associação dos Moradores Produtores Rurais e Ambientalistas da Grande Vila Nova.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Tenho a honra de passar a Liderança ao Partido Trabalhista Brasileiro, na pessoa do Ver. Paulo Brum.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, demais participantes desta Sessão da tarde de hoje. Acho que nunca usei desse subterfúgio, mas hoje me senti na obrigação de assim proceder.

Ver. Pedro Américo Leal, aqui na nossa frente se encontra o jovem Jorge Paulo Teixeira que aos vinte e quatro anos , em uma briga de gangue da Restinga, devido a uma bala perdida, acabou nesta cadeira de rodas. Imaginem os Senhores, ele é pobre, aposentado com um salário, não está tendo, na prática, os direitos à saúde, à reabilitação e à reintegração social. Esse rapaz vem desde 1992 tentando se integrar à sociedade procurando a reabilitação na saúde e não consegue, na prática, ter os seus direitos garantidos. Sem condições para se manter, passa por hospitais e o mandam para casa dizendo para ele se virar. Pela sua condição física e pela falta de prevenção, esse jovem adquiriu escaras profundas nas suas nádegas e hoje já está anêmico e com a saúde prejudicada. Passa por hospitais, é internado e eles o mandam para casa e dizem:" vai, tu tens que fazer curativos". Receitam 3 curativos por dia. Como é que este jovem, pobre, ganhando um salário mínimo pode fazer 3 curativos por dia. Vai no Postão da Restinga e lá lhe dão um punhadinho de gaze, lhe passam mercúrio, lhe passam uma pomadinha e mandam-no para casa.

Assim, Senhoras e Senhores, ele está apodrecendo numa cadeira de rodas. Perdoem-me, é uma palavra forte para ser pronunciada nesta tribuna, mas está apodrecendo em uma cadeira de rodas. Ele está com fístula. Essa sua escara já está atingindo o osso da sua nádega. Provavelmente, além de paraplégico, no futuro, e essa é a dura realidade, talvez, venha a perder uma perna e não consegue tratamento. Esteve baixado no Hospital Conceição, esteve baixado no Hospital de Clínicas, passa pelo atendimento do Posto da Restinga e lhe dizem: "Vá para casa, tens que fazer curativo, tens que ficar de nádegas para cima".

Em 1995, conseguiu uma das coisas mais difíceis que se pode conseguir, uma vaga num dos hospitais mais famosos do Brasil, quem sabe da América e do mundo, consegui uma vaga no Sara Kubistschek para fazer a sua reabilitação física e a sua integração na sociedade. Disseram para ele que teria que curar suas escaras e voltar que a vaga estava garantida. Desde 1995, este rapaz não consegue curar suas escaras. Perdeu a vaga no Sara Kubistschek, talvez não consiga mais. A única coisa que ele quer agora é curar as suas escaras para que ele possa ter o direito para lutar dignamente pela sua integração na sociedade.

Hoje, tentei contato com os hospitais, infelizmente, não fui atendido. Mas, quero dizer que recebi, aqui, na Câmara a palavra de um amigo, Vereador, Médico, Dr. Cláudio Sebenelo, que em rápidas pinceladas assumiu o compromisso de tentar resolver o caso do nosso amigo Jorge, como tantos outros Jorges que estão por aí nas nossas vilas, nas nossas periferias sem direito à saúde, sem direito a sua reputação.

O Jorge, hoje, faz esse apelo e eu fiz questão de trazê-lo ao Plenário para mostrar à população de Porto Alegre e do Rio Grande, que está nos assistindo, da triste realidade em que vivem os nossos portadores de deficiências. Dizem que nós temos direito à reabilitação e integração social. Onde estão estes direitos que, na prática, eles não vêm sendo constituídos?

Ver. Cláudio Sebenelo, eu passo a V. Exa. esta incumbência. Eu queria chamar a Comissão de Saúde, a Comissão de Direitos Humanos, mas, neste caso, seria num segundo momento, antes nós ouviremos o Ver. Cláudio Sebenelo que se prontificou a interferir imediatamente junto ao Grupo Hospitalar Conceição, para que este rapaz tenha direito à internação, e a sua saúde. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A manifestação de Liderança do Ver. Paulo Brum, que traz ao conhecimento desta Casa a dramática situação em que vive o Jorge Teixeira, que nos visita no dia de hoje, nós, excepcionalmente, colocamos a palavra à disposição do Ver. Cláudio Sebenelo para que manifeste as possibilidades de solução, neste caso específico, mas que não deixa de ser símbolo, emblemático, daquilo que vivem os portadores de doenças em nossa Cidade, hoje, no sistema público de saúde.

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Em primeiro lugar, quero dizer que, a pedido do Ver. Paulo Brum, nosso Secretário, que, evidentemente, não só por uma atitude de solidariedade, mas até como uma obrigação profissional, de, pelo menos, tentar fazer alguma coisa para minorar este tipo de sofrimento e resolver, se não no todo, pelo menos em parte a situação, até ele poder ir a Brasília.

 Em segundo lugar, o gabinete já está em comunicação com o Grupo Hospitalar Conceição e, imediatamente, eu dou o retorno à Mesa e ao paciente Jorge Teixeira que, evidentemente, como todos os outros, deverá ser atendido adequadamente naquela Instituição.

 

O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência tem consciência de que não pode deixar, neste momento de referir uma passagem que vem das Escrituras Sagradas do Talmude que diz: "Quem salva uma vida, salva a humanidade."

Há um pedido de licença para tratamento de saúde, no dia de hoje, do Ver. José Valdir. Tendo em vista que é apenas para tratamento de saúde, constitui-se apenas em apregoamento. Em face do que dou posse à Vera. Helena Bonumá, que integrará a CUTHAB. Aguardaremos a presença da Vera. Helena Bonumá para dar posse à mesma.

Apregoamos pedido de licença para tratamento de saúde, no dia de hoje do Ver. Antonio Hohlfeldt, anexando competente atestado médico. Em face do que empossamos o Ver. Gilberto Batista, que integrará a CECE. Dispensando V. Exa. da prestação do compromisso legal, eis que já o fez nesta Legislatura. Dou V. Exa. por empossado neste momento.

Apregoamos pedido de licença para tratamento de saúde, no dia de hoje, do Ver. Antônio Losada, anexando competente atestado médico. Em face do que empossamos a Vera. Maristela Maffei, que integrará a CUTHAB. Dispensando V. Exa. da prestação do compromisso legal, eis que já o fez nesta Legislatura. Dou V. Exa. por empossada neste momento.

Passamos, neste momento ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Hoje, o período é destinado a homenagear o Tenente-coronel Amílcar Cassales Barros, por ocasião de sua transferência para a reserva, pelos relevantes serviços públicos prestados, por este cidadão, às comunidades porto-alegrense e rio-grandense.

Em face de se constituir em um momento solene deste Legislativo, convidamos o homenageado para integrar a Mesa. Convidamos, também, para compor a Mesa o Sr. Ricardo Gothe, que representa, nesta oportunidade, o Sr. Prefeito de Porto Alegre; o Cel. Joaquim Correia Santos Rocha, Comandante do Corpo de Bombeiros, que representa também o Comando-Geral da Brigada Militar do Estado; o Coordenador da Defesa Civil da Cidade de Porto Alegre, Sr. Valdemar Pateur Pinheiro. 

Como proponente, através do Requerimento nº 273/97, o Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nosso homenageado Tenente-Coronel Amilcar Cassales Barros, Senhoras e Senhores, falo em meu nome e da Bancada do Partido dos Trabalhadores, a pedido, em nome da Bancada do PPB, especial de nosso colega Ver. Pedro Américo Leal, do Ver. Lauro Hagemann e creio que esteja falando em nome de todos os Vereadores desta Casa.

Não sou, sem dúvida nenhuma, meu caro Tenenete-Coronel Amilcar Barros, a pessoa mais indicada para falar da Brigada Militar, do Corpo de Bombeiros, porque tenho certeza de que nesta Casa há Vereadores que fariam isso de uma forma mais exemplar. Mas gostaria de dizer de nossa admiração pela nossa Instituição Brigada Militar, - já homenageada na semana passada por nós a pedido do Ver. Fernando Záchia - e de nosso respeito e gratidão ao Corpo de Bombeiros, em especial, ao Senhor Tenente-Coronel Amilcar Barros pela sua trajetória na Instituição, pelos anos de trabalho e devotamento a essa causa tão importante que é socorrer pessoas nos momentos mais difíceis. Nos momentos de desesperos, nos momentos do SOS, lá está o Corpo de Bombeiros, lá estava o senhor, comandando importantes missões e, aqui, não poderíamos deixar de citar a tragédia que ocorreu, em Porto Alegre na década de setenta, nas lojas Renner em que o senhor teve um papel mais do que de destaque, pois o senhor representa, exatamente, aqueles momentos de heroísmo toda vez que um sinistro ocorre em nossa Cidade, em que o desespero bate nas pessoas e é a sensatez conjugada com a coragem, com a tranqüilidade do Corpo de Bombeiros, de seu comando que faz com que as coisas não fiquem piores do que já estão, porque um sinistro é uma das piores coisas que existe no mundo.

A nossa homenagem, portanto, não é apenas da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, mas uma justa homenagem que Porto Alegre deve faz a V. Exa. e ao Corpo de Bombeiros.

Dizia, há pouco, o Coronel Pedro Américo Leal que talvez na língua portuguesa a palavra bombeiros não seja a mais adequada a designar a tarefa que os Senhores bombeiros e o Sr. Comandante, em especial, desempenham. Na língua inglesa, traduzindo-se, teríamos os homens de fogo, eu diria soldados de fogo, porque é como soldados que os senhores começaram na instituição. Dessa maneira, enfrentando fundamentalmente essa grande tragédia quando ocorre, que é o fogo, é que os senhores são mais conhecidos, apesar de que a Corporação, o Corpo de Bombeiros faz muito mais do que simplesmente essa grandiosa tarefa que é combater incêndios e salvar vidas. A par dessa tarefa importante, os senhores estão atentos a todas questões problemáticas que dizem respeito a nossa Cidade. Também sei que V. Exa., além de ser esse bravo soldado, de ser essa pessoa corajosa, sensata, cordata, articuladora do trabalho da Corporação, também é um desportista por natureza e faz com que aqueles que não o sejam por natureza, o sejam hoje por seu incentivo e dedicação pelos vários prêmios que V. Exa. tem, por merecido destaque na área do esporte.

O meu caro Ver. Carlos Garcia, aqui nesta Casa, também é um grande incentivador do esporte. Portanto, a nossa homenagem, na tarde deste 24 de novembro, meu caro Tenente-Coronel, é falar da nossa gratidão, a gratidão de Porto Alegre, do nosso povo a esse trabalho permanente, cotidiano, 24 horas por dia. Tenho certeza de que a maioria do povo não se dá conta que, aos estarmos dormindo, somos vigiados, cuidados, resguardados, assistidos pela vigilância do Corpo de Bombeiros. É muito importante sabermos que temos ao nosso lado, na nossa Cidade essa Guarda permanente e incessante. Sabemos também, das dificuldades por que passa o Corpo de Bombeiros, pois vivemos num mundo de crise e num Brasil de crise. Muitas vezes faltam os instrumentos necessários ao combate e faltam, fundamentalmente, aqueles instrumentos de uso pessoal, e, nesta Casa, faremos movimentos para ajudá-los.

Quero, aqui, dizer a todos integrantes da Brigada e ao Senhor, em especial, que hoje passa para a reserva, que eu sei que o Senhor estará sempre incentivando a sociedade civil e a própria Corporação a lutarmos juntos - Poder Público Municipal, Estadual e Federal -, para que tenhamos um Corpo de Bombeiros mais bem aparelhado e assim possamos ter essa guarda, que é sua, é vontade, é determinação e somada, também, com as condições materiais necessárias, para fazer frente à situação. Eu quero insistir, aqui, que estamos fazendo um movimento, Ver. Pedro Américo Leal, eu e outros Vereadores, junto ao Poder Público Municipal, para que se discuta e, se possível, se efetive o fundo de amparo aos nossos bombeiros, para que todas as atividades realizadas na cidade vão para o chamado Funambom e assim possamos ter mais condições adequadas, porque a sociedade civil de nossa cidade, reconhecendo vosso trabalho, poderá contribuir para que junto ao Poder Público Municipal e a nossa sociedade tenhamos melhores condições de realizarmos esse nobre trabalho.

Quero, finalmente, dizer que V. Exa. não tem apenas o reconhecimento desta Casa, que é feita de uma forma humilde, nesta fala, aqui, hoje à tarde, mas o Senhor tem a estima e a consideração de seus comandados. Isso podemos verificar, na quinta-feira, quando estivemos no 1º Comando de Combate ao Incêndio da nossa Capital. E podemos ver o semblante das pessoas que o acompanham hoje, aqui, seus amigos aqui presentes, seus familiares, enfim não é apenas nós, a Casa do povo de Porto Alegre, mas é a representação desta Casa, a representação da cidade e das pessoas que o conheceram, que o conhecem que estão partilhando, nesta tarde, deste belo momento. A nossa gratidão de coração, se me falta o conhecimento técnico e profissional, sem dúvida nenhuma, não me falta, nesta fala, a consideração e o carinho que eu tento expressar nessas poucas palavras. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós queremos, neste momento, em nome desta Casa, saudar: os componentes do 1º Grupamento de Combate a Incêndios, que nos honram com a sua presença; os oficiais e praças da Brigada Militar, que, aqui, se fazem presentes; familiares e amigos do homenageado, especialmente sua esposa - Simone -, seus filhos - Luciana e Juliano - e sua mãe, Sra. Elza Barros.

Convidamos, para compor a Mesa, o Coordenador da Defesa Civil, Sr. Waldemar Pasteur Pinheiro.

Registramos a presença do Tenente-Coronel Guacir Bueno, que constitui, com os nossos demais convidados, uma extensão da Mesa.

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra, fala em tempo cedido pelo Ver. Luiz Braz.

 

O SR. CARLOS GARCIA: (Saúda os componentes da Mesa.) Gostaria de parabenizar o Ver. Adeli Sell por esta iniciativa em prestar esta homenagem ao Coronel Amilcar Cassales Barros. Particularmente, sinto-me muito à vontade de falar sobre o Coronel, pois o conheço, aproximadamente, há 30 anos, não só como Coronel da Corporação, mas como profissional de Educação Física e como atleta. Em todas as situações sempre foi o mesmo: uma pessoa aguerrida, combativa, sincera, amiga e leal.

A história da Brigada no seu Grupamento de Incêndio é a luta incessante de alguém que busca a melhoria e a qualidade de vida. O Subgrupamento de Busca e Salvamento, que faz parte do Grupamento de Incêndio, demonstra o valor que essa Corporação tem. Juntamente com a questão do incêndio eles não têm dia e não têm hora, só têm uma missão, a mais importante, de resgatar vidas. E isto é um valor sem preço para a nossa sociedade.

Portanto, o Coronel Amilcar sempre foi essa pessoa, que chamamos de um "bombeiro destemido". Porque sempre liderou o seu Grupamento com maestria e amizade.

Coronel Amilcar, você é uma das pessoas que, realmente, fazem parte, e muito, da nossa Cidade. Você é um cidadão que enche de orgulho a todos nós, por aqueles atributos que falei no início.

Para quem não sabe, dentro das suas atribuições como atleta, o Coronel Amilcar Barros foi Campeão Brasileiro de Lançamento de Dardos, por inúmeras e inúmeras vezes, durante décadas foi campeão recordista gaúcho. E eu tinha um problema, ele sabia, porque sempre foi meu adversário de clube. Mas, para derrotá-lo, era uma dificuldade. Por isso digo que estou à vontade nesse aspecto.

 Hoje está indo para a reserva, o Ver. Adeli Sell falou, para a reserva da caserna, mas vai estar sempre presente, porque a população e o povo de Porto Alegre precisam e muito, da sua assessoria. E eu tenho certeza de que essa questão do FUNREBOM, que está prestes a ser consumado vai servir e muito. E fiquei contente, porque ontem os jornais já falavam do FUNREBOM e da Caixa do Corpo de Bombeiros, para poder melhor instrumentalizar e ter serviço de qualidade em nossa Cidade.

Diante de tudo isso nós, em nome do Partido Socialista Brasileiro, só temos que parabenizá-lo e esperar que a sua luta, agora na reserva, continue a mesma, em prol da busca e qualidade de vida de todos os porto-alegrenses. Parabéns e parabéns a toda Corporação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos a palavra ao nosso homenageado Coronel Amilcar Cassales Barros.

 

O SR. AMILCAR CASSALES BARROS: ( Saúda os componentes da Mesa.) Senhores, oriundos de família do interior de Santana do Livramento, mais precisamente da região do Ibicuí, criei-me entre pessoas humildes, ouvindo à beira do fogo de chão as histórias contadas por meus pais a respeito dos feitos da Brigada Militar. Ainda guri, amadureceu em mim a idéia e a convicção de que poderia fazer parte de tão importante causa. Em 1970 ingressei na corporação e deixei os bancos da Academia em 1974, quando fui lotado como aspirante no 1º Agrupamento de Combate a Incêndio; em 1975, logo ao concluir o Curso de Bombeiros, tive literalmente o meu batismo de fogo ao participar, como oficial de serviço, do incêndio das Lojas Renner, que ceifou vidas e destruiu o patrimônio. Fatos que me direcionaram ao início da caminhada traçada pelas influências das minhas origens e consolidadas pela vontade de minimizar a humilhação e o sofrimento de pessoas que, de um momento para outro, se viam despojadas de bens e, principalmente, de familiares.

Nessa época, atuávamos, no que diz respeito a salvamento, com equipamentos inseguros, utilizando as escadas mecânicas para retirar as pessoas dos prédios, com o pessoal treinado mais no aspecto coragem do que técnico. Em 1982, por determinação do escalão superior, fui incumbido de reunir do próprio efetivo do 1º Agrupamento de Combate ao Incêndio, 40 homens com perfil para atuar no salvamento, formando, juntamente com o agrupamento naval - que era desativado - o Subgrupamento de Busca e Salvamento, atuando no salvamento aquático, terrestre e em altura. Em 1982, com a aquisição de dois helicópteros, pela então Secretaria de Segurança Pública, destinados a servir a Brigada Militar, através do policiamento ostensivo e bombeiros incorporou seu salvamento com aeronave para atuar, se necessário fosse, em todo o Estado. Inúmeras foram as operações que desenvolvemos na terra, na água e nas alturas.

Várias foram as demonstrações de garra, técnica e desprendimento propiciados pelo pessoal agora treinado e equipado satisfatoriamente. Heróicos foram os momentos em que o bombeiro ofereceu sua vida em defesa daquele que o destino colocava na mais degradante das situações, e comprovado ficou o espírito humanitário do nosso soldado ao derramar lágrimas pelo extremo contentamento de proporcionar que a vida fluísse e continuasse, muitas vezes, materializada no sorriso assustado de uma indefesa criança.

Durante os mais de 23 anos em que servi no Corpo de Bombeiros tive, como princípio, o trabalho, a disciplina consciente, o espírito de camaradagem e a determinação de condicionar, pelo exemplo, que os companheiros por mim comandados defendessem as pessoas sob a sua guarda como se fossem membros de sua própria família. Para tanto, nunca hesitei ombrear, lado a lado, nas tantas oportunidades em que, juntos, nos defrontamos com o inimigo comum, o sinistro. Senhoras e Senhores presentes, orgulho-me por pertencer ao Corpo de Bombeiros, foi o sonho de criança que consegui realizar, e o destino fez com que eu as homenageasse, à medida em que tive a preocupação de criar, em parceria com a Prefeitura de Porto Alegre, a unidade móvel de prevenção de incêndio, que se destina a ministrar instrução às donas-de-casa nas vilas da periferia. Tal instrução se realiza em um ônibus, adaptado pela Empresa Carris, e tem como objetivo principal instruir a comunidade carente para aspectos de prevenção que evitem que crianças, deixadas trancadas em casa enquanto os pais trabalham, inocentemente, e por desconhecimento, incendeiem a casa, vindo a perder a vida. Considero que os objetivos a que nos propusemos, nesse aspecto, ainda engatinham, dadas as nossas carências, mas tenham a certeza de que, com a passar do tempo, as pessoas com poder, boa vontade e visão de que ali pode ser o começo, sensibilizar-se-ão e nos apoiarão, de forma que os bombeiros tenham boas condições, principalmente materiais, de concretizar o que é responsabilidade de todos nós.

Vários são os projetos criados pelos bombeiros, para tentar solucionar velhas questões, e um deles aqui foi falado, é o Projeto de Lei que estabelece o Fundo de Reequipamento do Corpo de Bombeiros, o FUNREBOM, Projeto que autoriza a cobrança de taxas de serviços não-emergenciais. Tal documento encontra-se na Prefeitura de Porto Alegre, de onde esperamos que seja encaminhado a esta Casa, para apreciação e aprovação, sem outro propósito a não ser o de propiciar maior segurança à comunidade porto-alegrense.

Nos últimos meses tivemos a satisfação e a honra de receber na Sede do 1º Grupamento de Combate a Incêndio, a visita dos Vereadores Adeli Sell, Pedro Américo Leal e Carlos Alberto Garcia que, preocupados com os riscos que correm os porto-alegrenses, foram discutir conosco as estratégias de enfrentamentos dos principais problemas vividos pelos bombeiros, a conclusão unânime de que algo pode e deve ser feito, e, engajados, estão conosco nesta causa. Tenho dito, entretanto, que considero sob outro ângulo: o Corpo de Bombeiros, como um todo, está a dar um grande passo de evolução, novas estruturas estão sendo criadas, novos efetivos estarão sendo recrutados em breve, o escalão superior preocupa-se com a questão de material e equipamentos, a disciplina consciente cada vez mais se contabiliza fruto de uma cultura mais aprimorada e de uma seleção mais exigente, os valores humanos são mais respeitados de forma que todos sejam ouvidos e considerados, o intercâmbio cultural se evidencia dando uma visão técnica mais ampla levando em conta o avanço cooperativo e tecnológico do centro de recursos. Reconhecemos o que está sendo feito e amadurecemos para enfrentar uma nova era.

Senhor Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, ilustre amigo Ver. Adeli Sell, quero dizer que hoje é um dia muito especial em minha vida. Aquele guri, vindo do interior, chegando aqui com um propósito de esperança, recebe hoje tamanha honraria, justamente dos representantes da comunidade a qual dedicou sua vida profissional. Considero isso não somente como algo que reconhece o meu trabalho, mas como a materialização do respeito que V. Sras. têm pelas causas às quais se dedicam. Também se constitui tal fato em hora de reconhecer que o mérito não é somente meu, tive ao meu lado companheiros que, por onde eu ia, ou por onde eu passava, deixavam rastro de extrema lealdade e competência, o que tornava mais fácil a transposição dos obstáculos; reconhecer que o mérito também é dos cidadãos desta Cidade, que nos ajudavam sempre que deles precisávamos, e dedicar parte do mérito a minha família e aos meus amigos, por terem proporcionado a mim tranqüilidade suficiente para dedicar o meu trabalho à comunidade. A todos eles a minha gratidão.

Ao Sr. Presidente desta Casa e aos Senhores Vereadores quero agradecer em meu nome e em nome dos Componentes do 1ª Grupamento de Combate ao Incêndio e da Brigada Militar, pela aprovação da homenagem que hoje recebo; ao Sr. Adeli Sell, que propôs esta homenagem, apoiado pelo Ver. Pedro Américo Leal, ratifico imensa alegria que tal homenagem me dá por tudo o que referi e, principalmente porque partiu de pessoas as quais tenho no meu mais alto conceito, e a quem dedico admiração e respeito.

Para finalizar, quero fazer uma homenagem especial a um dos meus convidados que aqui se encontra, amigo, quase irmão que veio me prestigiar e se encontra aqui, Tenente-Coronel Guacir Deliano Bueno, que foi ferido e está aqui nessa cadeira de rodas. Faço essa homenagem com a autorização dos senhores a este companheiro que nunca me abandonou. Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos citar a presença do futuro Major Juarez Fernandes de Souza, Subcomandante. Seja bem vindo. (Palmas.)

A Câmara sente-se muito feliz em poder recebê-los. Isso já foi dito pelos nossos Vereadores Adeli Sell e Carlos Garcia. Queremos estar sempre junto com os senhores nessa luta que é de toda a comunidade de Porto Alegre.

Agradecemos mais uma vez a presença das autoridades que estão compondo a Mesa. Tenente-Coronel, Amilton Cassales Barros, aceite o nosso abraço.

Antes de suspender a Sessão, quero convidar os senhores Vereadores para a foto do nosso cinqüentenário. É uma foto histórica na rampa de entrada da Casa. Estamos convidando os senhores Vereadores para, neste momento da interrupção para as despedidas dos nossos homenageados, lá nos dirigirmos, os Titulares e os Suplentes que as Bancadas entenderem que devem convidar, para a fotografia histórica.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, eu acredito que V. Exa. já tenha assinalado que este Período do Grande Expediente tenha oradores previamente inscritos, e se alguma Bancada não se manifestou, nesta hora, é porque faltava inscrição, o que não implica que não esteja solidária às homenagens aqui prestadas.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós achamos que é importante o esclarecimento do Ver. Reginaldo Pujol, até porque é a primeira vez que está sendo filmada uma Sessão da Câmara que está sendo levada ao ar na íntegra. No dia em que se usa o tempo do Grande Expediente, nem todas as Bancadas têm condições de falar. Mas foi muito bem esclarecido que os oradores que falaram hoje o fizeram em nome de todos nós e eu reforço esta homenagem. Obrigado aos Senhores.

Vamos suspender a Sessão para as despedidas, convidando os Srs. Vereadores para a foto dos 50 anos da Câmara sem interrupção dos suas atividades.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h19min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h43min): Estão reabertos os trabalhos. Neste momento estamos completando o período de Grande Expediente que hoje foi destinado para homenagear o Tenente- Coronel Amílcar Cassales Barros e vários ainda não usaram a palavra. Passamos ao próximo inscrito.

O Ver. João Dib está com a palavra, em Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Prefeito de Porto Alegre, Dr. Raul Jorge Anglada Pont, parece não ter muita consideração para com o Legislativo Municipal.

Na semana que passou, quinta-feira, vários Vereadores de diferentes bancadas desta Casa fizeram a ele uma visita para colocar um problema que aflige a população do Menino Deus. O Prefeito foi educado, respeitoso, foi também respeitado, mas, no dia seguinte, ouvi uma entrevista do Sr. Prefeito que é um desrespeito à Câmara Municipal e a seus Vereadores. O Prefeito dizia que os Vereadores estavam fazendo jogo de cena. Não, Sr. Prefeito Municipal, nós, Vereadores, somos a síntese democrática de todos cidadãos desta Cidade, representamos aqui o povo de Porto Alegre e não fazemos jogo de cena. Jogo de cena talvez tenha sido de parte do Sr. Prefeito que nos recebeu educadamente e depois deu uma entrevista desastrosa.

Nós tratávamos de uma coisa que esta Câmara vem defendendo há muito tempo e que agora encontrou o apoio do Governo do Estado para que se tornasse realidade: a Pista de Eventos, na Rua Augusto de Carvalho, onde hoje se realiza o carnaval. Então nós não fizemos jogo de cena para o Prefeito e para a Cidade. Nós sentimos os anseios da comunidade e fomos levar uma proposta de solução para o Prefeito, que não foi respeitoso para conosco. Mas, também, não foi respeitoso para com esta Casa, quando retirou o Projeto que visava alterar o IPTU e que eu, desta tribuna, dizia que eu não sabia se era um Projeto malfeito ou um Projeto feito para o mal; mas, como era feito para o mal - agora eu tenho a convicção - , ele o retirou. Mas, ele está tentando desrespeitar a Câmara mais uma vez, dizendo que vai mandar um novo Projeto do IPTU para o ano que vem.

Ora, a Procuradoria do Município - que teve seus salários elevados, sem que os demais servidores do Município tivessem o mesmo tratamento - tem que saber que a Lei de Diretrizes Orçamentárias é uma Lei de eficácia temporária. Dia 30 de setembro deste ano, a Lei perdeu sua validade. Não serve para mais nada. Tanto é verdade que no ano que vem teremos que fazer outra Lei de Diretrizes Orçamentárias para o próximo Orçamento. No momento em que o Prefeito entregou nesta Casa a proposta orçamentária, as leis que a acompanhavam, terminou a sua eficácia. O Prefeito diz que vai modificar a Lei, que ela não tem mais validade, que vai mandar um novo Projeto. Será que o Prefeito e a sua assessoria pensam que os Vereadores não raciocinam? O Sr. Raul Ponte e seus assessores esperaram até os últimos momentos para dizer que não aceitavam a proposta. O Ver. Nereu D'Ávila pretendeu, com sua gentileza, com seu cavalheirismo, dar a oportunidade de uma solução, o Prefeito não aceitou, porque o Partido dos Trabalhadores estava habituado a passar por cima do Legislativo, mas, nesta vez, por 19 votos contra 12, ele ficou no caminho.

Então no ano que vem não haverá reajuste do IPTU. Acho que ele não pode aplicar nem a inflação, porque a Lei Complementar nº 7, que é o Código Tributário do Município, diz que até o dia 30 de setembro entra na Casa o Orçamento e os decretos alterando Planta de Valores. Não houve Decreto alterando Planta de Valores, então não pode, no entendimento deste Vereador, acontecer para o ano que vem nenhuma reposição em cima do IPTU, que neste ano de 1997, o Imposto Predial está 33% acima da inflação. De 1995 para cá a inflação ficou em torno de 32% e o IPTU aumentou 63%. Então, não há o que deixar o Prefeito preocupado, não há o que fazer o Prefeito dizer para a coletividade que a Câmara não quer que ele realize obras. Não! Nós queremos que ele realize obras e até realize obras com o dinheiro do Imposto de Renda recolhido na Fonte, que no Orçamento para o ano que vem está previsto em 9,5 milhões, este ano em 13,5 milhões. Em setembro, ele já havia arrecadado 13,5 milhões. Vai arrecadar 20 milhões e para o ano que vem, quando tudo está a indicar que a arrecadação há de ser maior, ele propõe que seja 9,5 %.

A diferença, possível, - que houvesse em razão ao IPTU, que ele diz que não vai arrecadar, mas vai arrecadar o que está previsto no Orçamento -, a diferença prevista, de qualquer forma, está no Imposto de Renda na Fonte que vai arrecadar mais de 20 milhões e ele diz que só vai arrecadar 9,5 milhões. O ICMS a mesma coisa, o Fundo de Participação dos Municípios também vai receber mais do que o previsto, o ITBI vai receber mais do que o previsto. Então, não há motivo para a Prefeitura de Porto Alegre tentar jogar os Vereadores contra o povo, porque os Vereadores defenderam o povo para que não se cobrasse acima da inflação, 9% para residenciais, 14% para não-exclusivamente residenciais. Aí, ninguém falou para o Comércio, para a Indústria onde, provavelmente, se aplicaria todo o impacto daquela alteração proposta na Planta de Valores. Isso seria um desastre para esta Cidade porque, vejam bem, os residenciais e não-exclusivamente residenciais estavam limitados, os outros estavam em aberto.

Por isso, eu disse: projeto malfeito ou feito para o mal. Eu penso que foi feito para o mal, até porque, no ano de 1999, restabeleceria os limitadores e no ano 2000 aplicava tudo quanto desse e, como diz o Ver. Pedro Américo Leal: "Só Deus sabe quanto dará". Mas, ele teve a sua caminhada cortada, a Câmara, com inteligência, com sensibilidade, com respeito ao povo de Porto Alegre, por 19 votos contra 12 fulminou qualquer expectativa que o Prefeito tivesse e que ele seria capaz de, mais uma vez, aumentar o IPTU acima da inflação. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra, em Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, amanhã não teremos Sessão Plenária, entretanto estaremos comemorando o Dia Internacional do Doador de Sangue. Gostaríamos de, nesses breves minutos, prestar a nossa homenagem, aos doadores de sangue e fazer, ao mesmo tempo, simbolicamente, uma homenagem a uma iniciativa que está sendo atualmente discutida em Porto Alegre, e que era intenção nossa de, amanhã, neste Dia Internacional dos Doadores de Sangue, estarmos oferecendo este serviço à população de Porto Alegre, mas que pela complexidade da discussão e pelo número de entidades que estão envolvidas na sua elaboração, infelizmente não conseguimos percorrer todo o circuito de reuniões e de decisões que poderiam amanhã estar oferecendo este procedimento para que a Cidade de Porto Alegre ganhasse um reforço indispensável nessa luta de defesa da vida.

É, em homenagem aos doadores voluntários de sangue e àqueles vários técnicos que hoje estão discutindo esse projeto, que vou, resumidamente, noticiar o que estamos discutindo juntamente com o Banco de Sangue do Hospital Conceição, com o Banco de Sangue do Hospital de Clínicas, com o GAPA e com o Centro dos Hemofílicos do Rio Grande do Sul, e agora estamos com uma agenda marcada com a Secretaria Municipal da Saúde.

Na verdade o sangue humano ainda é um produto insubstituível, ou seja, não existe nenhum outro produto que possa cumprir as funções básicas do sangue. E também vários tratamentos que hoje são realizados, torna-se imperiosa a necessidade desse produto. Tanto os métodos de quimioterapia, como transplantes de medula óssea, eles necessitam, hoje, desse tipo de produto.

Os estoques e os componentes têm que ser muito grandes para suprir essa necessidade. O Banco de Sangue do Hospital Conceição e o do Clínicas respondem, aproximadamente, por 90% dos atendimentos de pacientes com doenças hemoterápicas, entre as quais se inclui a leucemia. É necessário que se pense, neste momento, em algum tipo de ação que envolva o conjunto, a rede dessas entidades, não só os bancos de sangue, mas o próprio poder público, no sentido de reverter essa situação.

 Enquanto que nos países desenvolvidos 80% das doações são voluntárias, aqui no Brasil, infelizmente, apenas 20% das doações são voluntárias, portanto, 80% ocorrem em outras situações. Há uma necessidade de termos uma melhor organização e maior divulgação desse tipo de serviço. A proposta que está sendo discutida é a possibilidade de se criar uma central, que teria como objetivo a organização de um cadastro de doadores voluntários, que se proponham a doar quando acionados.

 Este Projeto, na verdade, tem dois desdobramentos. A central, como o próprio nome diz, teria um computador, um fax e dois operadores e pessoas voluntárias para a divulgação do programa. Seria criada uma "home page" sobre a doação e sobre a central. Aquelas pessoas que quisessem se cadastrar poderiam fazê-lo via e-mail, por exemplo.

 Também se criaria um filme ou um trabalho em CD-ROM sobre o tema para ser mostrado em escolas, empresas. Se necessário, os voluntários poderiam ir a esses lugares para divulgar e fazer palestras sobre esse tipo de trabalho. Quando uma pessoa necessitasse de sangue, acionaria imediatamente essa central. A central entraria em contato com os bancos de sangue, que definiriam o momento e a forma de se realizar a coleta.

 Poder-se-ia, também, trabalhar com a idéia de que a unidade poderia ser móvel, podendo ter o HPS como um outro banco de sangue de referência, que poderia se locomover facilmente até essa empresa, até esse local, escola no caso, onde o doador faria a sua doação. Estou com problema de tempo, Ver. Sebenelo peço a compreensão do ilustre companheiro. Portanto, em síntese, essa seria a idéia, a criação de uma central de captação de doadores voluntários de sangue feita através do computador, um sistema informatizado. Isso não exigiria uma grande infra-estrutura, pela intensificação do uso da informática hoje em muitas escolas e empresas, esse tipo de serviço vale a pena ser instituído. Por exemplo, nos materiais da Prefeitura que divulgam eventos poderiam constar um apelo para doação, o telefone e o próprio meio da central que poderia passar a haver uma maior doação voluntária.

Uma outra rede de instituições que seria necessária ser envolvida seriam as Universidades, que serão convidadas, nos próximos dias, a fazer parte dessa rede de entidades que discutem a possibilidade e viabilidade deste Projeto. Portanto, seria, em síntese, esse o Projeto que está sendo discutido com esse conjunto de atividades. Creio que a doação de sangue é um ato voluntário de consciência que todos devemos ter, todos deveriam fazer parte desse segmento da sociedade, os sãos e os que não têm problema de saúde. Todo cidadão conscientemente poderia, a partir desse serviço, envolver-se nessa reflexão e ajudar esse conjunto da sociedade que desesperadamente estão nesta luta em defesa da qualidade do sangue doado e em defesa da ampliação desses multiplicadores. Cito dois multiplicadores o GAPA e o Centro dos Hemofílicos que fazem isso com muita dificuldade e talvez merecessem, nesse Dia Internacional do Doador de Sangue, um maior apoio das Instituições Governamentais, como é o caso da Câmara Municipal de Porto Alegre, para que revertêssemos essa estatística triste, que é a de que 80% das doações não são voluntárias, no Brasil, ao contrário "sensu" dos países desenvolvidos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Aproveitando o conteúdo do discurso do Ver. João Motta, gostaríamos de informar que as carteiras de identidade da Casa vão sair constando se o Vereador é doador ou não de sangue e de órgãos. Elas ainda não ficaram prontas em função do atraso nas informações por parte de alguns Vereadores.

O Ver. José Valdir está de licença e em seu lugar vai falar a Vera. Maristela Maffei, em Grande Expediente

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar, gostaria de parabenizar o trabalho que vem sendo realizado através de nosso Presidente, Ver. Clovis Ilgenfritz, meu companheiro, e de toda a Administração da Casa em relação à transmissão das Sessões da Câmara em canal de televisão. Acho isso muito importante, porque a nossa população vai poder assistir, ao vivo, aquilo que está sendo discutido na Casa. Vai poder, concretamente, ver a diferença entre a prática e o discurso de cada parlamentar. Isso é muito importante.

Na verdade nós temos visto que os grandes defensores da iniciativa privada, os grandes defensores da globalização, os grandes defensores do término da autonomia de nosso País afirmam que o Estado deve cumprir um papel fundamental, que é o de cuidar das questões sociais: saúde, educação, etc. Mas o que acontece é muito grave, porque o que essas pessoas defendem é a privatização do lucro e a socialização da miséria, não só no nosso País, mas no mundo inteiro. O Estado que deveria investir nas questões sociais, hoje se reveste de uma hipocrisia através dessas pessoas que defendem a globalizam para salvar a saúde dos bancos, a saúde das grandes multinacionais, dos grandes grupos internacionais. Pois esses não podem falir. Quem está salvando, na verdade, essa economia, essa grande globalização, em nível internacional e nacional, é o empobrecimento do povo com a privatização do Estado. Falo isso porque na semana passada, e há alguns meses, temos visto nesta Câmara que o grande bode expiatório do nosso País, do nosso Estado e da nossa Cidade é o Orçamento Participativo ou, do ponto de vista dessas pessoas, a Administração Popular de Porto Alegre. O Orçamento Participativo tem dado um exemplo de como se constrói a verdadeira cidadania e deveria ser apoiado por todos, porque faz com que aquele pequeno cidadão e cidadã que só vêem democracia em época de eleição, porque aí os cidadão e as cidadãs têm valor, aí valem alguma coisa, após isso, ele é visto com chacota, com deboche, porque esses senhores e essas senhoras não têm compromisso com a maioria da população.

O cheque que é dado em branco na hora do voto, depois, na hora aprovar os projetos, é usado para apoiar outros interesses.

A democracia que é conquistada através do Orçamento Participativo no nosso Município, onde, de fato, as prioridades são elaboradas hierarquicamente por esses cidadãos e essas cidadãs, não tem tido a consideração que deveria ter.

Esta Casa tem uma valor fundamental nas discussões dos problemas da nossa Cidade. No entanto, o IPTU cujo aumento deveria ter sido aprovado como um instrumento, para que pudéssemos realizar a vontade popular, na verdade, mais uma vez, é defendido por esses Senhores e essas Senhoras como se fosse prejudicar a Cidade. Prejudica, na verdade, interesse com "lobbies" que não tem preocupação social, mas sim especulativa.

Então esse é um sentimento, sim, que trago a esta Casa para reflexão. O Orçamento Participativo deve ser respeitado como parceria desta Casa, e deve-se transpor a vontade de alguns que defendem o interesse de pequenos monopólios desta Cidade.

Nós temos que aprender a fazer democracia. Democracia participativa significa respeitar, principalmente, a organização popular. Vamos parar de demagogia, vamos começar aprender a socializar tudo com todos e não apenas com alguns. Nós temos que aprender a reverter a história daqueles que sempre se disseram a favor das comunidades, mas que, na verdade, são a favor apenas na hora do voto. Esses fazem discurso como se morressem de pena da população, mas, no fundo, estão ajudando a, cada vez mais, cristalizar a indústria de miséria deste País.

Registro isso com toda tranqüilidade de uma pessoa que veio do movimento popular e comunitário, que conhece o sentimento da população e do desrespeito que lhe é imposto aqui, colocando abaixo os seus projetos e a sua vontade. Muito obrigada.

 

 (Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra, em Grande Expediente.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de saudar a Mesa Diretora por este dia histórico em que, com toda primazia, o Poder Legislativo Municipal de Porto Alegre avança no sentido de democratizar, ainda mais, as informações e os trabalhos desta Casa Legislativa. Estão de parabéns, não só o Presidente, como os Vereadores seus companheiros de Mesa.

Esta homenagem nós fazemos, não como uma obrigação protocolar, mas porque é, realmente, um belo trabalho o que essa Mesa Diretora vem desenvolvendo ao longo de todo este ano.

O Subcomandante Marcos, do Exército Zapatista, da Província de Chiapas, no México, fez uma observação interessante numa entrevista dada à "Folha de São Paulo" recentemente. Ele diz que, durante a II Guerra, havia a bomba atômica. Essa bomba destruía as pessoas e os prédios. Depois, durante a Guerra Fria, fabricaram a bomba de nêutron. Esta bomba destruía apenas as pessoas; não destruía os prédios. Agora, nós temos as bombas financeiras, que são disparadas de teatros acarpetados: as Bolsas de Valores das principais cidades do Planeta.

Sras. e Srs. Vereadores, nós estivemos, o Ver. José Valdir e eu, com muita honra, na Cidade de São Francisco, na Califórnia, representando a Câmara de Vereadores num acontecimento histórico dos trabalhadores do Hemisfério Ocidental: a “Conferência Hemisférica contra os Tratados de Livre Comércio e as Privatizações”. Estavam lá em torno de quinhentos delegados. Na platéia, estavam mais mil e quinhentos sindicalistas americanos, canadenses e mexicanos. Os delegados provinham de todos os países das Américas, com exceção de Cuba, que não teve o seu visto liberado pelo Consulado Americano, tendo feito a reparação devida.

Lá, nós verificamos o repúdio absoluto, total, dos trabalhadores americanos ao NAFTA. Os trabalhadores americanos, que nós pensamos não sofrerem os problemas surgidos com o processo neoliberal, com a globalização da economia, estão com aproximadamente 500 mil postos de trabalho a menos desde a implantação do NAFTA. Eles perderam muitos dos direitos trabalhistas que haviam conquistado ao longo do tempo.

Eu falo isso porque nós recebemos recentemente a visita do Presidente americano, Bill Clinton, que disse que vinha para ampliar a área de livre comércio. Ele quer fazer com que essa área venha do Alasca até a Patagônia. Esse é um tema que temos discutido muito pouco, não só neste Parlamento, mas no próprio Congresso Nacional.

Os planos das multinacionais, as grandes empresas transacionais, têm trazido em todo mundo essa constatação: prejuízos impressionantes para a vida dos trabalhadores. Há uma imensa concentração de renda, há um imenso garrote no patrimônio que esses Países têm amealhado ao longo do tempo. Temos que nos dar conta disso, porque estamos envoltos aqui em um tratado de livre comércio - o Mercosul - que é um pouco mais que isso, é um acordo aduaneiro que objetiva não só eliminar as tarifas entre os países, como também estipular taxas para importação dos países que compõem esse bloco. Ao contrário do que possa parecer primeiramente, esses tratados de livre comércios não são, na verdade, a união de alguns países para enfrentar os de fora.

Pela experiência de todos os tratados que estão vigentes, dá para verificar-se de que são imposições das grandes empresas transacionais, com o auxílio de organismos internacionais, como o FMI, Banco Mundial, cujo objetivo é aumentar a concorrência internacional com a retirada de fronteiras, a pilhagem dos recursos públicos, a retirada da soberania, na verdade, ferindo a própria democracia, quando retira a soberania dos países em prol das grandes corporações para que consigam maiores lucros nas suas transações.

O Mercosul, na sua implantação, não tem uma única vez qualquer expressão que lembre justiça social. Todos os grupos - são oito grupos executivos - que trabalharam na sua constituição só tratam de plano econômico. A constatação é inequívoca e nós ainda temos tempo de buscar corrigir esses desbarates.

Os trabalhadores americanos festejam a negativa do Congresso americano ao "fast-treck", que era uma autorização rápida para que o Presidente Clinton pudesse impor a América os tratados de livre comércio. Se isso fosse colocado para nós agora, e ele vai buscar de novo, em abril, no Chile, quando há uma conferência dos países americanos. Se isso for impingido ao Brasil, será um desastre. Os países que compõem o NAFTA, atualmente detêm 88% do PIB das Américas, o Mercosul, apenas 8%.

Então, esse é um tema que vamos desenvolver no nosso trabalho, de grande importância que, não só o Partido dos Trabalhadores, mas para todos os partidos, porque precisamos começar a discutir isso.

Quero, no tempo que resta desta intervenção, fazer uma denúncia. Eu perguntava ao Ver. Hélio Corbellini se já havia recebido os contratos da CRT formalizados com a Listel, no que tange aos guias telefônicos. De forma exaustiva já tratamos desse tema, chegamos à conclusão de que ele prejudicou os usuários ao retirar setores dos guias anteriores. Mas, mais do que isso, tínhamos feito aqui uma denúncia de que não havia licitação nesses contratos firmados entre a CRT e a Listel.

A Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor provocou uma discussão da qual participaram: o Ver. Fernando Záchia, que hoje comemora a justa e brilhante vitória de sua equipe: o Ver. Hélio Corbellini; e a Vera. Maria do Rosário.

Houve um comprometimento por parte do advogado da CRT de que este contrato seria encaminhado de forma célere à Comissão de Direitos Humanos, mais especificamente, ao Ver. Hélio Corbellini, relator do processo. Já se passaram dois meses da nossa última reunião e esse contrato, Ver. Fernando Záchia a quem solicito a interferência, ainda não chegou à Comissão nem ao seu relator. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, somente para dar conhecimento ao plenário, é uma questão pertinente à trazida pelo Ver. Juarez Pinheiro. O fato de não ter sido enviado à Casa não foi por falta de insistência do nosso Relator da Comissão e desta Vereadora que preside a Comissão de Direitos Humanos, assim como os demais processos estão pautados para a reunião da tarde de amanhã, quando avaliaremos todos os processos pendentes, inclusive, com dificuldade para os relatórios.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra, em Grande Expediente.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o assunto que me traz à tribuna, hoje, tem referência direta com a qualidade de vida para os cidadãos porto-alegrenses. Tivemos, há pouco, aprovado pelo Congresso Nacional, o novo Código de Trânsito, cuja entrada em vigor se dará em 21 de janeiro, mas não é demais repetir o que se sabe: o morticínio que tem causado os acidentes de trânsito neste País! Quarenta por cento das vítimas de acidentes são por morte no trânsito. E tem-se comparado essa questão com a insana guerra do Vietnã. Lá na Ásia as maiores vítimas foram os inocentes: os camponeses, os moradores das aldeias, no Vietnã, que ardiam sob o fogo do Napalm. Aqui, no trânsito brasileiro, os pedestres, na maioria das vezes crianças e idosos, são as vítimas.

 Eu me refiro ao novo Código Nacional de Trânsito porque examinando-o, até perfunctoriamente, o pessoal do meu gabinete lendo-o e relendo-o, achou quatro ou cinco artigos que se referiam a pedestres, sendo que o mais importante deles eram as multas impostas aos pedestres por infringirem as regras de trânsito, ou seja, avanço dos sinais, das faixas de segurança, etc. Então, a tônica do meu pronunciamento quero eu que seja o desrespeito da civilização do automóvel para com o cidadão pedestre. Nós invertemos, simplesmente, os termos da equação. Toda a proteção é dada ao automóvel ou a quem o dirige e a menor atenção é dada ao pedestre. Eu recebi há pouco de um cidadão, amigo nosso, com o qual temos mantido um convívio acentuado, e ele tem sido um colaborador incansável na formulação de propostas urbanas para a Cidade. Recebemos uma espécie de observações que ele cataloga como infringente desse processo desumano. Ele, que é um pedestre por convicção e opção, circula livremente pelo centro da Cidade, mas nos mandou essas observações.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Lauro Hagemann, agradecendo a V. Exa. pelo aparte, eu gostaria de cumprimentá-lo por esse assunto, que é muito importante, e dizer que pesquisas recentes mostraram que cerca de 80% dos acidentes de trânsito são causados por pessoas com algum tipo de droga tendo sido ingerida antes. A maior parte é o álcool; depois, a maconha. É um dado impressionante, nessa verdadeira matança que é o nosso trânsito. Muito obrigado.

 

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Agradeço pelo aparte e incorporo-o ao meu discurso, retomando os itens que o nosso colaborador nos remeteu. Diz ele que: "não existe sinalização que lembre o direito do pedestre, apenas lembra os limites em que esse pedestre deve-se manter. Há cruzamentos sem sinalização, em que só se pode transitar assumindo riscos. As faixas de segurança sem sinaleiras só existem para justificar os atropelamentos que ocorrem fora dela. Nas faixas de segurança há necessidade de se investigar o tempo de travessia em função do espaço a percorrer. Existem casos em que é impossível uma pessoa de baixa estatura atravessar em passo normal, o que representa um risco considerável para mulheres com crianças. Haveria a necessidade de verificar a minutagem com o tempo roubado ao pedestre, pelos veículos que dobram com prioridade sobre ele, o pedestre. Há cruzamentos em que, mesmo com sinal fechado para veículos num sentido, as faixas de segurança são invadidas pelos automóveis que dobram, roubando o tempo de quem atravessa. Existem pontos em que não há tempo entre duas correntes consecutivas. Caso semelhante existiu, por muito tempo, na Osvaldo Aranha, defronte ao Pronto Socorro. Uma solução correta só foi implantada depois de vários acidentes fatais. Nunca é respeitado o dispositivo legal que proíbe o veículo de passar pela frente do pedestre que estava atravessando a faixa de segurança, quando o sinal mudou. Nenhuma indicação lembra esse dispositivo. Nada é feito para proteger a segurança física do pedestre. Quando há obstrução do passeio, por obras, o obriga a andar na faixa dos veículos, às vezes por dezenas de metros."

Algumas dessas ponderações não se referem à questão desta Casa, por exemplo, se referem mais ao Código Nacional do Trânsito, mas existem algumas providências que podem e devem ser tomadas pelo Poder Executivo. Neste sentido, a Mesa anunciou, hoje, um Projeto de Lei que apresentei modificando a Lei Complementar nº 388, Código de Construções, alterando alguns dispositivos, pedindo que os construtores delimitem, no passeio público, o espaço reservado à construção. E quando isso não for possível, que se marque, no leito da rua, espaço para o pedestre circular, porque temos recebido muitas reclamações de pedestres que não conseguem transitar pelos passeios, que ficam totalmente obstruídos, e, neste caso, o pedestre tem que caminhar pelo leito da rua, correndo o risco de ser atropelado. Essa é uma providência, porque não adianta ficarmos só na denúncia, ficarmos só dizendo que está errado, temos que propor alguma solução concreta para esse caso.

Mas, o quero dizer é que todos nós, esta Casa, o Município, tem que se conscientizar que a sociedade, hoje, ainda continua sendo do pedestre, que é o que circula em maior número pela Cidade, e não do automóvel, que até o Código Nacional de Trânsito quer privilegiar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Ver. Maria do Rosário está com a palavra, em Grande Expediente.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Senhor Presidente e Srs. Vereadores. Eu queria iniciar este pronunciamento em Grande Expediente registrando que o Plenário da Câmara de Vereadores sempre teve, do ponto de vista da nossa responsabilidade, o tamanho da Cidade de Porto alegre. Sempre trouxemos, para dentro deste Plenário, através da Tribuna Popular e do debate franco de idéias, todas as questões relativas ao nosso dia a dia de cidade dentro de um Estado e dentro de um País em que 59% da população é contada como excluída da modernidade, de todas essas novas tecnologias estabelecidas.

Mas hoje quero começar este pronunciamento cumprimentando a Mesa Diretora e, de um modo particular, o Ver. Clovis Ilgenfritz, nosso Presidente, pela condução da Câmara de Vereadores nesse período, e agora porque estamos ainda mais próximos de termos um Plenário do tamanho da Cidade. Isso significa a democratização da função pública, e a função pública só é legítima se ela é exercida como serviço à população. O poder é digno se ele se traduz em serviço. E nós, como parte deste poder, como parte da nossa população, eleitos para representá-la acima de tudo, agora temos a nossa população ainda mais perto de nós. Temos que estar, como Vereadores nas diferentes bancadas, felizes, neste momento, e colocando ainda mais a Câmara de Vereadores, de forma pioneira, dentro do lar de muitos porto-alegrenses para que nos fiscalizem, para que atuem conosco, para que cobrem a nossa resolução acerca das questões. Essa é a nossa tarefa. Precisamos servir e, para servir melhor, é melhor a população estar mais ainda conosco. Portanto, parabéns, Sr. Presidente, à Mesa Diretora, à Câmara de Porto Alegre, à Cidade.

Quero compartilhar uma preocupação. É impressionante como nos últimos dias pudemos observar uma ação direta do Governo do Estado sobre a Cidade de Porto Alegre. Não a ação que eu gostaria, Srs. Vereadores, a ação de resguardo dos recursos públicos, de repasse dos recursos públicos para Porto Alegre assim como para os demais Municípios. Abrimos os jornais no dia de hoje e nos deparamos com uma pesquisa da FAMURS, que demonstra que cerca de 61% dos Municípios não pagarão o 13º salário em dia. Porto Alegre não está entre esses 61%. Porto Alegre não está pela gestão pública responsável que realiza.

 Mas, de toda forma, a incidência da ação do Governo do Estado sobre a nossa Cidade não tem sido no sentido de resgatar e resguardar aqueles recursos da nossa Cidade que ficam, hoje, concentrados no Governo Federal e no Governo do Estado.

 O Governo do Estado do Rio Grande do Sul foi um dos capitães, em nível nacional, para a aprovação da chamada Lei Kandir, que isenta de impostos uma série de produtos de exportação. O apoio do Governo do Estado à aprovação desta Legislação, em nível federal, no Congresso Nacional, foi destacado por todos os jornais da época. Não basta, neste momento, o Secretário da Fazenda do Estado ou o Governador do Estado iniciarem a tecer críticas sobre a Lei Kandir.

A Lei Kandir, e é importante que se diga a cada porto-alegrense, já provocou um prejuízo de cerca de 320 milhões ao Estado do Rio Grande do Sul e deve gerar perdas anuais, a partir do próximo ano, na ordem de 600 milhões.

O Governo do Estado do Rio Grande do Sul é um dos responsáveis, porque é um dos principais aliados, e de primeira hora, do Governo Federal, pelo Fundo de Estabilização Fiscal. E este Fundo, o chamado FEF, que teve como Relatora, em nível nacional, uma Deputada Federal do nosso Estado, do PSDB, retira, do Estado do Rio Grande do Sul, entre 1996 e 1997, cerca de 171 milhões de reais. São recursos retirados do atendimento à população do Estado, da saúde, da educação, da segurança pública, da agricultura, dos financiamentos à pequena e média empresa, e Porto Alegre sofre, nos dias de hoje.

Eu quero dizer aos Senhores que, como Câmara Municipal, nós temos a obrigação da denúncia de que estamos, hoje, sendo lesados na ordem de 31 milhões de reais neste ano, e que, no próximo ano, deverá superar esta cifra, os recursos que deixam de entrar na Cidade de Porto Alegre e que ficarão concentrados para o Governo do Estado e para o Governo Federal. É isso, Srs. Vereadores, que faz com que prefeituras tenham dificuldades no pagamento do 13º salário, porque ao mesmo tempo que repassam as responsabilidades das políticas sociais, da assistência social, das políticas de um modo geral, da saúde e agora da educação que está sendo absolutamente pressionada pelo chamado Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério.

Tudo pressiona os municípios a assumirem responsabilidades e com Porto Alegre não é diferente. Porto Alegre assumiu a saúde, a assistência social por determinação da Lei de Assistência Social e nós concordamos que esse é o caminho, mas, Srs. Vereadores, não podemos permanecer assumindo todas as políticas sociais enquanto o bolo tributário se mantém concentrado no Governo Federal e no próprio Governo do Estado. Enquanto isso, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul que parece que não tem problemas na sua instância, se preocupa com a nossa Pista de Eventos. Muito bem, mas aqui tem poder democrático, discussão com a comunidade, aqui tem Orçamento Participativo e aqui tem uma Câmara de Vereadores, não é? Por incrível que pareça, a discussão é feita nos tapetes do Palácio Piratini.

Senhores Vereadores, se aqui tem Câmara de Vereadores, façamos o debate primeiro entre nós, no nosso Município, e cobremos do Governo do Estado os 31 milhões que está nos devendo só neste ano. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O discurso da Vera. Maria do Rosário despertou manifestações. Não são regimentais, mas foram entendidas. O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra, mas cede o seu tempo ao Ver. Isaac Ainhorn, em Grande Expediente.

 

 O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada, a nossa saudação à Mesa Diretora pela iniciativa pioneira de ter o Canal 16, exclusivo, que neste momento transmite os debates e as discussões que se travam, aqui, nesta Casa.

Eu, como Vereador oposicionista, tanto em nível municipal em relação à Administração Petista como em nível estadual à Administração do Governador Antônio Britto, quero dizer e afirmar, aqui, da tribuna desta Casa: todos aqueles políticos e governantes, independentemente das siglas partidárias, que trouxerem ou buscarem benefícios para Porto Alegre terão as boas-vindas deste Vereador e tenho a certeza de que também terão as boas-vindas de todos os Vereadores que pensam, acima de tudo, nos interesses da Cidade de Porto Alegre. Se o Governador Antônio Britto intervém no debate, convida Vereadores para buscar uma alternativa em termos de doação de uma área para termos uma possibilidade alternativa em relação à Pista de Eventos de Porto Alegre, graças a Deus! Bem-vindo o Governador que tenha como ponto a preocupação com a Capital do Estado onde acha-se localizado o Governo do Estado do Rio Grande do Sul. A sede do Governo do Estado é na Capital do Estado e saúdo a preocupação do Governador que se preocupa com Porto Alegre, assim como também ele tem que se preocupar com o menor município do Estado. Faz parte da boa gestão e administração pública e fala um Vereador oposicionista, que tem muitas críticas em relação à Administração Estadual.

De outro lado, queria, neste momento, trazer à discussão da tribuna desta Casa a questão que envolve o debate sobre o Imposto Predial e Territorial Urbano. Antes, uma consideração que faço em relação ao posicionamento manifestado desta tribuna, no dia de hoje, por uma pessoa por quem tenho enorme respeito, pela seriedade e responsabilidade das suas manifestações, mas que, permita-me, no dia de hoje, discordar de V. Exa., Vera. Maristela Maffei.

Quando temos uma posição contrária ao aumento do IPTU acima da inflação na Cidade de Porto Alegre, e aí divirjo de V. Exa., que afirmou da tribuna desta Casa, nas prerrogativas inerentes ao seu mandato - e V. Exa. tem todo o direito de tecer o comentário que quiser e, dentro do regime democrático, eu defenderei esse direito inerente - e, sobretudo em relação ao seu mandato, também tenho o direito de manifestar a minha divergência em relação ao seu pronunciamento.

Em primeiro lugar porque V. Exa. colocou a maioria desta casa, que rejeitou na prática o Projeto de aumento do IPTU, como estando a serviço de grandes "lobbies" de grupos econômicos da Cidade de Porto Alegre. Isto não é verdade, Vereadora. Permito-me divergir de V. Exa., que tem sido sempre uma posição sensata e equilibrada aqui nesta Casa, digo isso porque neste momento, quando nós rejeitamos o aumento do IPTU acima da inflação, nós nos posicionamos em defesa do conjunto da população da Cidade, em defesa dos inquilinos, daqueles que locam imóveis de grandes proprietários - sabe, V. Exa., que um proprietário de 600 imóveis em Porto Alegre paga o IPTU apenas do imóvel em que reside, quem paga os 599 são os inquilinos - e também, Vereadora, de milhares de funcionários públicos, de homens de classe média que estão sendo proletarizados, de funcionários do Banco Meridional, de funcionários do Banco do Brasil, da Receita Federal, dos funcionários federais, que há mais de mil dias não sabem o que é um aumento salarial. É em nome destas pessoas que estamos, aqui, repudiando qualquer aumento tributário acima da inflação.

Recordo-me de uma declaração de voto conclusiva do Ver. Elói Guimarães, quando fazia uma Declaração de Voto contrária a qualquer aumento de IPTU acima da inflação.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de dizer à Vera. Maristela Maffei, através de V. Exa., que, no passado o Dr. Raul Pont nos fez acusação semelhante. Fomos ao tribunal e ele se homiziou ou se defendeu na larga saia da imunidade parlamentar.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Recordo-me desse feito. Quando nós, em juízo, cobramos a manifestação eleitoral do então candidato à Vice-prefeitura, Raul Pont, ele invocou a sua posição de Deputado Federal e se valeu da porta larga da imunidade parlamentar para fugir a qualquer manifestação e explicação no juízo criminal na Comarca de Porto Alegre.

Qualquer tentativa, neste momento, de se buscar através de um novo encaminhamento de medidas que vise a aumentar a carga tributária do imposto, especificamente do Imposto Predial e Territorial Urbano na cidade de Porto Alegre, representa uma violação à LOM e à Lei de Diretrizes Orçamentárias desta Cidade. Bem o disse já na sua manifestação anterior o Ver. João Dib, quando ocupava a tribuna desta Casa.

Vejam V. Exas. que o art. 19 diz que as alterações na legislação tributária serão propostas mediante Projeto de Lei a ser enviado à Câmara Municipal até 30 de setembro de 1997 e deverão ser apreciadas antes da aprovação da Proposta Orçamentária. E a LOM, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estabelece que o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias deverá chegar a esta Casa até 1º de junho de cada ano e ser votado até 75 dias contados da data em que aqui chegou.

Conseqüentemente, qualquer alteração neste momento nesta matéria, depois da retirada pelo Sr. Prefeito Municipal do Projeto de Lei que aumentava o IPTU na cidade de Porto Alegre acima da inflação, precisaria de uma medida que alterasse a própria LOM da Cidade de Porto Alegre e espero que a bancada governista não venha, aqui, usar de casuísmos para penalizar a população com aumento de IPTU acima da inflação. Neste momento, e eu tenho a convicção ainda que a sensibilidade e a experiência de alguns Vereadores da bancada governista farão com que, democraticamente, se conforme com o resultado havido na última sexta-feira, quando todas as medidas regimentais foram tentadas para votar o Projeto nas formas que entendia e foram derrotadas.

A única alternativa que teve o Sr. Prefeito Municipal e, esta Casa concedeu a autorização, apesar dos debates regimentais que houve naquele momento, e retirou o Projeto.

O Ver. Renato Guimarães, em aparte anti-regimental, que: "não está morto quem peleia". Mas a peleia, Ver. Renato Guimarães, deve se cingir sobretudo, ao respeito às instituições democráticas, à Constituição Federal, à Lei Orgânica, e à Lei de Diretrizes Orçamentárias.

 

O Sr. Gerson Almeida: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Isaac Ainhorn, estou ouvindo, atentamente, o seu pronunciamento e quero dizer que exatamente neste sentido de defender os assalariados, aqueles que não estão recebendo reajuste de salário, buscamos incorporar emendas ao Projeto, que por questões regimentais não foram aceitas. Então, esse debate tende a continuar exatamente dentro dos preceitos que V. Exa. está apregoando.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu só quero apelar à sensibilidade de V. Exa., porque neste momento na Cidade de Porto Alegre todos os segmentos sociais, a classe média, os funcionários públicos que estão sendo penalizados, inclusive, com medidas do Presidente Fernando Henrique e que, neste momento, estão sendo travadas pelo Congresso Nacional, impedindo aumento do Imposto de Renda na Fonte, Vera. Maria do Rosário, e nós aqui, em defesa da soberania e da comunidade porto-alegrense, não vamos permitir, democraticamente, é bem verdade, o aumento do IPTU acima da inflação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Está encerrado o Período de Grande Expediente. Apregoamos a Emenda, de autoria do Ver. Pedro Ruas, ao PLL nº 042/97, que estima Receita e fixa Despesa na Administração Direta do Município para o exercício econômico e financeiro de 1998.

A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo PMDB.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu venho a esta tribuna para recuperar a verdade de alguns fatos aqui abordados pela Vereadora que me antecedeu. Esta Casa constituiu uma frente de Vereadores, independente de partido, para tentar contribuir com o impasse, que já completa quase uma década em nossa Cidade, em relação a construção da Pista de Eventos. Recentemente, recebemos um relatório de impacto ambiental que apresentava 38 itens, dos quais 36 problemáticos e 20 possivelmente insolúveis. Se esse relatório de impacto ambiental apresentou esses problemas e se efetivamente eles não puderem ser resolvidos, Porto Alegre, mais uma vez, volta ao estágio inicial desta discussão e não vai ter a Pista de Eventos que é um anseio das entidades culturais e carnavalescas. É obrigação dos Vereadores, sim, contribuir para a solução desses problemas.

Nós, os Vereadores, preocupados com isso tivemos esta semana vários encontros, várias reuniões com técnicos, com entidades culturais e carnavalescas, com o Prefeito Municipal de Porto Alegre e, de todo este trabalho, concluímos que tínhamos que apresentar uma outra alternativa para contribuir para a decisão dessa questão em Porto Alegre. Vimos que o local onde acontecem os desfiles carnavalescos, a Av. Augusto de Carvalho apresenta algumas dificuldades, tendo em vista, a falta de espaço nas suas laterais. Aprofundando esse estudo, nós vimos que as áreas anexas são de propriedade do Governo do Estado e, nessa direção, procuramos contribuir para a solução dessa questão. Nós, Vereadores, fizemos, sim, uma audiência com o Governador do Estado, Sr. Antônio Britto, e assim como outros Vereadores - recordo-me que, recentemente, o Ver. Guilherme Barbosa fez audiências em Brasília para resolver os problemas da Cidade - o fazem, essa é uma prática desta Casa. Nós, os Vereadores, temos tido esta postura: onde há um problema, nós vamos resolvê-lo. E, nesse caso, nós acreditamos que poderíamos contribuir, discutindo com o Prefeito de Porto Alegre a posição de que uma Comissão Externa da Câmara, oficialmente montada em 1995. Assim, fizemos uma audiência com o Governador, e creio que devemos fazer tantas audiências quantas forem necessárias e com quem quer que seja, para que se resolva esse problema.

A Vera. Maria do Rosário tentou tergiversar afirmando que o Governo do Estado tinha feito uma intervenção em Porto Alegre; ela não leu as entrevistas na imprensa. A primeira frase dita pelo Governador é que o Governo do Estado não podia intervir em nenhum Município, porém era responsabilidade do Governo se colocar à disposição de todas as Câmaras e de todas as Prefeituras que o procurassem para ajudar a solucionar o problema de qualquer Município.

Porto Alegre, hoje, sedia a Bienal do Mercosul, uma cidade administrada pelo PT. Porto Alegre sediou esta Bienal, porque ela foi viabilizada pelo Governo do Estado. Esta é uma nova forma de se fazer política, esta, sim, deve ser uma política desenvolvida no final do século XX. Independente dos partidos que estejam nos Governos, os seus governantes devem dedicar todos seus esforços para implantar, nos seus Municípios, as políticas que garantam o crescimento cultural e o desenvolvimento das cidades. É importante dizer que grande parte das obras de saneamento básico que temos em Porto Alegre, hoje, nasceu de um programa do Governo do Estado do Rio Grande do Sul: o programa Pró-Guaíba e o Pimes do Governo do Estado. Esses dois exemplos, ao lado de muitos outros que poderíamos citar, demonstram uma posição política moderna e responsável. Essa deve ser a prática de todos os partidos, colocando os interesses dos municípios acima das suas siglas. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder do PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ninguém dirá que eu vim a esta tribuna, alguma vez, e que critiquei alguma coisa que não pudesse provar, que não tivesse estudado na sua amplitude.

Agora mesmo, o Ver. Juarez Pinheiro, anti-regimentalmente, me disse que eu fiz uma dobradinha. Eu faço qualquer dobradinha com quem estiver certo. E o bom senso determina as grandes questões jurídicas. Eu não sou um jurista, como o Ver. Juarez Pinheiro, mas o bom senso não mudou; continua sendo o mesmo. Lei, cuja eficácia terminou no dia 30 de setembro, Ver. Juarez Pinheiro, não será aplicada nunca mais.

Eu fico muito triste quando as pessoas vêm a esta tribuna e dizem que a Lei Kandir está infelicitando este Estado e este País. Eu sempre disse que emprego gera emprego, que desemprego gera desemprego. E a Lei Kandir diz que o imposto não pode ser vendido.

Eu não preciso dizer para o povo do Rio Grande do Sul, que é extremamente inteligente, as coisas que estão acontecendo no Vale dos Sinos. Ninguém mais exportava sapatos, e muita gente ficou desempregada. Hoje não exportam mais o imposto; voltaram a exportar sapatos; voltaram a empregar pessoas; essas pessoas passaram a ser consumidores, e consumo gera imposto.

Eu tenho a mania de acompanhar o orçamento da Prefeitura. A Prefeitura de Porto Alegre colocou, no seu Orçamento, que arrecadaria de ICMs, neste ano de 1997, R$ 122.247.000,00. No dia 30 de setembro, já tinha arrecadado 98 milhões. Para manter a mesma média, teríamos que colocar, em cima dos 98 milhões, mais 33 milhões, e isto ultrapassaria 132 milhões de reais. É mais do que está previsto. O que será que aconteceu que a Prefeitura está arrecadando mais do que foi previsto no Orçamento? Devo dizer que, no mês de dezembro, a arrecadação de ICMs é mais do que os 11 milhões de média que citei coloquei aqui. Já fui Prefeito, sei o que estou dizendo. Fico muito triste quando dizem as coisas da forma como dizem.

 A Vera. Maria do Rosário, com aquele seu entusiasmo, com aquela paixão que domina as suas atitudes, diz que aqui é a Câmara Municipal, que não tem que ter interferência do Governo do Estado. O Governo do Estado não interferiu com a Câmara; foi a Câmara que fez um pedido para que Vereadores e Deputados que residem na Capital, que têm vinculação com a Capital, buscassem, uma solução para a Pista de Eventos que pretendemos e achamos que deva ser na Augusto de Carvalho. Mas, não foi como disse o Prefeito, jogo de cena dos Vereadores; não, a história está registrando. Em 1985, eu era Prefeito e disse que o Carnaval não podia continuar na Perimetral. E a minha Secretaria de Planejamento sugeriu a Augusto de Carvalho. Aí o Dr. Alceu Collares foi Prefeito, a Secretaria de Planejamento estudou com profundidade e concluiu que ali era o local, fez um projeto, fez a maquete, abriu a licitação e lançou a Pedra Fundamental. Mas, não foi o PT que pensou. Então, não sabem que a Administração troca, o Prefeito também, mas a Cidade continua a mesma e o projeto tem que ser resolvido.

 E por falar em projeto, Sr. Presidente Paulo Brum, uma dezena e meia de Vereadores assinaram requerimento ao Presidente da Casa pedindo que essa maquete, que saiu da Comissão de Finanças da Câmara para a Associação das Escolas, retorne com urgência. Já faz mais de uma semana. Queremos ver essa maquete aqui para que o Prefeito e os Vereadores que duvidam da nossa disposição, da nossa boa vontade em acertar, saibam que não estamos fazendo jogo de cena. Até porque quando a Prefeitura propôs, aqui, a Rua 3300 para colocar, na frente do Palácio da Justiça Federal, uma parede, uma muralha, a Câmara estudou e o povo disse que o lugar era na Augusto de Carvalho. Realmente, a Câmara representa 100% dos porto-alegrenses, e assim nós esperamos que ela seja olhada e tratada. Saúde e paz.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que ingressemos imediatamente na Ordem do Dia, já que há Projetos da maior importância, que devem ser examinados para fim de observação de prazos legais, inclusive a própria matéria orçamentária que se encontra na Ordem do Dia, cuja discussão deve começar, porque o prazo para a votação é na próxima sexta-feira.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente, há um entendimento entre as Lideranças da Casa de correr a Pauta, porque, no mesmo sentido do Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn, há um conjunto de projetos na Pauta da maior importância, como o Projeto da Secretaria da Saúde. Nós estamos fazendo um pedido ao Plenário no sentido de corrermos a Pauta, abrindo mão, se for possível, de intervenções.

 

O SR. PRESIDENTE: Se há consenso das Lideranças de colocarmos a Pauta sem que ninguém discuta...

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Em face a essa manifestação consensual, eu retiro o meu Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 3375/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 009/97, que dá nova redação ao artigo 68 da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985, e demais providências. (exercício de função gratificada, no Município, por funcionários efetivos cedidos de outras esferas governamentais) Com Mensagem Retificativa.

 

PROC. 3430/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 201/97, de autoria do Ver. João Motta, que denomina Av. Senador Darcy Ribeiro um logradouro irregular localizado no Núcleo Esperança, no Bairro Restinga Velha.

 

PROC. 3450/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 202/97, de autoria do Ver. João Motta, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre a Marco Antônio Figueiredo Luz - “Fughetti Luz”.

 

PROC. 3345/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 034/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que concede o prêmio artístico Lupicínio Rodrigues ao Músico Lúcio Araújo de Quadros (Lúcio do Cavaquinho).

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 3302/97 -  SUBSTITUTIVO Nº 01, de autoria do Ver. Adeli Sell, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 193/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que dispõe sobre o registro e atividade das pessoas físicas e jurídicas da área do esporte, da educação física, da recreação e do movimento especializado do corpo humano.

 

PROC. 0482/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 006/97, de autoria do Ver. José Valdir, que cria o Sistema Municipal de Ensino de Porto Alegre.

 

PROC. 3331/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 198/97, de autoria do Ver. Gilberto Batista, que autoriza o Executivo Municipal a colocar “proteção de ferro” nas vias onde existem vala, riacho e arroio.

 

PROC. 3435/97 -  PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 056/97, que desafeta área de uso comum do povo, autoriza o Município de Porto Alegre a permutar  imóvel desafetado com os empreendedores do Cristal shopping, representados pela Multishopping Empreendimentos Imobiliários S/A e Bozano, Simonsen Centros Comerciais S/A por imóvel descrito nesta Lei e dá outras providências.

 

PROC. 3445/97 -  PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 035/97, de autoria da Mesa Diretora, que cria cargo de Médico no Quadro de Cargos em Comissão e Funções Gratificadas da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 3452/97 -  PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 036/97, de autoria da Mesa Diretora, que altera a Resolução nº 1.321, de 08 de agosto de 1996, que cria cargos de Assessor Técnico Especial no Quadro de Cargos em Comissão e Funções Gratificadas da Câmara Municipal de Porto Alegre, modificando a data limite para extinção dos referidos cargos e dando outras providências.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3250/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 189/97, de autoria do Ver. Pedro Ruas, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Ivar Luiz Nunes Piazzeta.

 

PROC. 3300/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 192/97, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Oswaldo de Lia Pires.

 

PROC. 3302/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 193/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que dispõe sobre o registro, supervisão e orientações normativas do funcionamento dos estabelecimentos especializados em atividades de educação física, desporto e recreação no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 3311/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 194/97, de autoria do Ver. João Motta, que altera a Lei Municipal nº 7879/96, que institui a “Semana do Índio” no Município de Porto Alegre, e dá outras providências.

 

PROC. 3347/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 200/97, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que dispõe sobre reserva de assentos para pessoas obesas em espaços culturais, salas de projeção e veículos de transporte coletivo no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 3372/97 -  PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 054/97, que cria cargos em Comissão e Funções Gratificadas na Administração Centralizada, e dá outras providências. (na Secretaria Municipal de Saúde) Com Mensagem Retificativa.

 

O SR. PRESIDENTE: Consideramos a Pauta como se a tivéssemos discutido. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Partido dos Trabalhadores está, hoje, amargando uma desnecessária e inútil derrota em sua irrefreável fúria arrecadadora. Foi obrigado a retirar, na última Sessão desta Casa, o produto da sua onipotência, depois de mais de dois meses discutindo o indiscutível: a impropriedade do Projeto apresentado por uma infeliz conselheira - a onipotência. Diz-se à boca pequena que a inadimplência do IPTU em Porto Alegre gira em torno de 200 milhões de reais. A cobrança dessa cifra ou de sua parte, ou uma mínima parte, ou a vigésima parte, compensaria amplamente a necessidade de aumento desse imposto. De acordo com a proposta do Executivo, o aumento traria aos cofres públicos sete milhões de reais por ano. Aí fica fácil para os Vereadores que desfilaram pela tribuna, projetar nos outros os seus problemas próprios. Certamente agora voltará aquela velha manobra diversionista de projetar nos governos Estadual e Federal a incompetência que assola o pessoal da Praça Montevidéu.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, asseguramos o seu tempo e queremos chamar a atenção dos Srs. Vereadores que o Vereador está na tribuna em Comunicação de Líder. Então, por favor, ele é responsável por aquilo que está dizendo e não são permitidos apartes anti-regimentais.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Essa incompetência que assola o pessoal da Praça Montevidéu tem agora que enfrentar a população e o desgaste político subseqüente, com aquela proposta da Pista de Eventos no Parque Marinha do Brasil e a genial alegação de que haverá insuficiência de recursos para a construção, e a causa será, fatalmente, a constrangedora retirada a que foram obrigados na sexta-feira passada. Agilize-se a Procuradoria do Município, cobrem-se adequadamente seus devedores e ao invés de propor a votação de cheques em branco, sem limites para o futuro, ao invés de punir as categorias mais carentes, que se faça, através da Justiça, aquilo que erroneamente tem sido tentado pela atual Administração: demonstrar sempre força, casualmente contra os mais fracos, através de um arrocho salarial, de uma péssima condição de trabalho para seus funcionários nas Secretarias que estão sucateados, o histórico problema do Mercado Público, a Pista de Eventos cuja proposta tem requintes de genialidade, a invasão do INTER, os jogos dos excepcionais foi vetado, o Albergue Dias da Cruz que foi tentado fechar, os percentuais destinados à Secretaria da Saúde, o corte de faturamento dos hospitais, o pedido de 164 novos CCs e FGs.

Eu quero informar à Bancada do PT que, dos municípios do Rio Grande do Sul, menos de 20 municípios têm condições de ir à semiplena. E mais do que isso, mais de 400 municípios se negam a ter a saúde como um problema municipal. Não aceitam se encarregar da área da Saúde. O aumento das passagens de ônibus, por exemplo, vocês estão esquecidos? O aumento dos táxis que foi proposto e foi rejeitado por esta Câmara num momento de grande felicidade. E, agora, esta vergonhosa proposta, e retirada, do IPTU. Esta é a forma extraordinária de o PT fazer política e administrar e que revolucionou o País. Revolucionou o quê, meus Senhores? Pois, agora, na Pauta, vai aparecer esse pedido de reestruturação da Secretaria da Saúde. Ora, se está na semiplena recentemente é necessário uma reestruturação. Mas nós vamos fazer um investimento imenso na área da Saúde, que é comandada por um colega Vereador, médico competente, honesto, inteligente e que tem como meta, e faça-se justiça a ele, o restabelecimento e talvez a propositura de uma política municipal de Saúde, coisa que até hoje não existe. Nós temos que incentivar esse debate a respeito, porém, nós queremos em troca que se abram as contas do SUS do Banco do Brasil, com transparência, e, em absoluto, está se pondo qualquer dúvida sobre a honestidade de qualquer pessoa da Secretaria. Mas, queremos dizer que a nossa preocupação maior é com a aplicação e com a adequação às rubricas estipuladas para as ações de Saúde.

Por isso digo mais uma vez que é muito fácil projetar nos outros as críticas dos seus próprios problemas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a palavra em comunicação de Líder, pelo PFL. Cinco minutos com V. Exa. Não são permitidos apartes.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, na quinta-feira passada, este Vereador juntamente com o Ver. Luiz Braz e a Vera. Clênia Maranhão esteve numa reunião com o Prefeito Raul Pont. Na oportunidade, fomos sugerir a ele rever o espaço da Av. Augusto de Carvalho.

O Prefeito Raul Pont, com toda a sua educação, nos atendeu bem, foi gentil, cortês e, para minha surpresa, Ver. João Dib, sexta-feira, também li àquela reportagem do Prefeito dizendo que os Vereadores fizeram uma encenação política indo até o seu gabinete fazer essa solicitação. Eu fiquei perplexo! O Prefeito nos colocou numa situação ridícula! Nós, Vereadores da Capital, fizemos uma encenação política indo dialogar com o Prefeito Raul Pont para ver a viabilidade de o carnaval de Porto Alegre continuar na Av. Augusto de Carvalho! Saí de lá dizendo para o Ver. Luiz Braz que acreditava piamente que seria feita essa Pista de Eventos no Parque Marinha do Brasil, porque o Prefeito foi taxativo dizendo que já estamos quase no processo de licitação e que lá sairá a Pista de Eventos.

Então, de nada adiantou a nossa visita ao Prefeito para tentar expor a preocupação de um grupo de Vereadores que faz oposição nesta Casa.

Quanto ao meu último pronunciamento nesta Casa, e até fui um pouco emotivo em chamar o Prefeito Raul Pont de "todo poderoso" o que eu quis dizer, na realidade, é que o Prefeito é um pouco radical nos seus pontos de vista. Assim estou sendo mais educado. Ele não é poderoso ele é radical no sentido de não ver as questões de Porto Alegre, como a questão da Pista de Eventos, o aumento do IPTU, os Postos de Saúde que continuam iguais desde 1996 quando a Prefeitura os assumiu. E a Ver. Maristela, que eu admiro, vem aqui dizer que um grupo de lobistas não está permitindo o aumento do IPTU. O que queremos é que este Projeto venha com as emendas propostas na Comissão de Constituição e Justiça.

Ficou claro que o Regimento não permitia emendas depois daquele fato originado aqui no Plenário. Não queremos ser radicais, sempre contra, não, nós estamos aqui para atender à população e tentar negociar. As Bancadas da oposição estão querendo negociar, e o PFL está pronto para conversar contanto que o Projeto venha com as emendas. Estamos com essa vontade de negociar porque não queremos prejudicar a Cidade de Porto Alegre nos seus investimentos. Reafirmo que o Prefeito Raul Pont, o todo poderoso é muito radical. Saúde e paz.

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não há uma inadimplência de 200 milhões de reais de IPTU na Cidade de Porto Alegre, ao contrário, não é só cerca de 56% dos contribuintes têm pago numa única parcela em janeiro, - o que é digno de divulgação -, como a inadimplência tem diminuído a cada ano numa média de 2% ao ano, - o que também é digno de divulgação - na medida em que na economia nacional praticamente todos os créditos têm sofrido um aumento significativo na inadimplência, motivados inclusive pela situação econômica bastante séria que nós vivemos. E no IPTU, a cada ano, tem diminuído em 2% essa inadimplência. Isso é uma coisa da qual temos que nos orgulhar, é digno de nota e demonstra que esse é um imposto confiável, é um imposto sobre o qual a Cidade deposita confiança porque sabe que cada centavo pago se transforma em obras e serviços públicos cada vez com mais qualidade.

Não é correta a informação dada. Acredito que S. Exa. tenha-se referido à dívida ativa do Município que é cerca de 120 milhões de reais.

Já que não há mais controvérsia sobre essa questão, quero dizer que o debate que estamos fazendo na Casa há vários dias, com a seriedade e, às vezes, aspereza e dureza, nenhum de nós gostaria de transformar em problema pessoal. Acho que é uma questão política, e temos que mantê-la no patamar político. Eu mesmo tive alguns debates mais acirrados com alguns Vereadores, especialmente com o Ver. Luiz Braz. Quero dizer que não quero, de forma alguma, transformar isso num problema pessoal porque respeito a liderança que exerce na bancada do PTB o Ver. Luiz Braz, a sua experiência na Cidade. Com outros Vereadores tivemos imprecações mais duras, mas de forma alguma devemos transformar isso em questão pessoal porque não é pessoal, é uma questão de postura e de visão política na Cidade.

Queremos dizer que, independente de qualquer coisa, quando o Prefeito tomou a iniciativa de retirar o Projeto desta Casa, ele não estava exercendo um ato de impertinência, de auto-suficiência, arrogância ou qualquer outra questão. Ao contrário, o Prefeito estava tendo, a juízo da bancada do Partido, um gesto da grandeza que as pessoas podem ter, que as pessoas têm humildade de ter, que é o de ver que não conseguimos produzir, com a discussão do Projeto que estava tramitando, a possibilidade de ter uma maioria na Casa, por circunstâncias as mais variadas, nada melhor do que retirar o Projeto para que possamos produzir uma proposta, em discussão com as Bancadas, que seja capaz de atender ao interesse da maioria dos Vereadores de Porto Alegre assim como o interesse do povo da Cidade, que não pode abdicar de nenhum centavo e nenhum real para o exercício de 1998.

Os mais conservadores economistas e analistas econômicos têm dito que o ano de 1998 não será fácil para as finanças públicas, para o povo em geral e, particularmente, para os municípios. Logo, esta é uma questão importantíssima e ela deve tomar conta dos debates que se farão na Câmara como tem tomado nos últimos dias. Não é à toa que temos discutido tanto!

Portanto, não foi uma demonstração de inflexibilidade ou de prepotência do Prefeito. Ao contrário, foi uma demonstração de grande flexibilidade e capacidade de retirar o Projeto para que nós pudéssemos discutir melhor.

Quanto à questão do SUS, que o Ver. Cláudio Sebenelo tem colocado, este Projeto é fundamental. Os seus dados corroboram a nossa preocupação. Os municípios não querem assumir, porque sabem que é uma situação muito difícil. E Porto Alegre que quer assumir a gestão plena, nós precisamos dar condições estruturais de organização para que possa exercer isso adequadamente.

Este Projeto é um Projeto sério e é um Projeto que deve ser discutido. Agora, é impossível assumir a gestão plena do SUS sem que a Câmara de Vereadores faça, também, a sua parte, como já tem feito em outros momentos, e que possamos criar as condições administrativas para que não seja um caos, mas um passo adiante no atendimento à saúde na Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho dedicar esses minutos de Liderança para uma saudação especial à Mesa da Casa, ao Presidente da Casa. Não importa se deveria ser instituído ou se providências antes foram adotadas. O fato é que, a partir de sábado, nós podemos já ter tido uma amostra desta boa nova que hoje quero dizer aqui e dizer as razões por que afirmo.

A televisão passou a ser a vedete da mídia, dos meios de comunicação, embora a importância maior do rádio, da comunicação escrita. Mas a televisão, na virada do milênio, é a verdadeira vedete. A televisão é status, o que ela diz passa a conduzir a opinião das pessoas.

Em certa oportunidade citava Nostradamus, no seu vaticínio que apareceria no mundo um monstro com um olho só, na testa. Esse monstro, indiscutivelmente, é essa máquina que se chama televisão.

Estamos diante dos fatos que começaram a se produzir a partir da televisão. Tira-se Presidente, coloca-se Presidente. Então, para mim, a televisão é a grande força desta década, deste século. Tem mais força que o canhão, tem mais força do que os melhores e mais equipados instrumentos de guerra.

Então, é nesse sentido que estamos na tribuna, para cumprimentar a importância deste ato que talvez ainda não tenhamos nos apercebido, porque na medida em que a Câmara chega aos meios de comunicação, passa a ser levada à opinião pública e temos a oportunidade de, na pior das hipóteses, democratizar uma coisa. Eu dizia que falava, muitas vezes, para as paredes. Terminou esse, tempo até porque ao longo do tempo se formou uma série de verdadeiros instrumentos que privilegiavam este ou aquele setor, este ou aquele assunto, isto acabou. No momento em que a Câmara Municipal, pela plenitude do seu debate, do seu dia-a-dia passa a ser mostrado à opinião pública, à população, nós atingimos a cidadania na sua plenitude, nós assistimos à verdadeira democracia, o direito de todos perante a própria mídia, perante a própria televisão. Evidentemente, se trata de uma televisão a cabo, isso demanda algumas dificuldades para que se acesse a este equipamento, ao Canal 16, há um custo, mas, de qualquer forma é um grande passo.

Eu vou ao ponto de dizer que a Câmara Municipal de Porto Alegre vem de onde partiu na história e, a partir de hoje, vai se contar a história dos trabalhos legislativos, do cotidiano desta Casa. A partir de hoje teremos uma profunda modificação, dada a importância que este ato vai gerar na opinião pública, na comunidade de um modo geral. Cumprimento, efusivamente, V. Exa., Sr. Presidente, a Mesa da Câmara Municipal de Porto Alegre pelo esforço, pela luta que fez para que se implante esse instrumento da maior importância, A “TV – Câmara Municipal de Porto Alegre”. Nós, aos poucos, estamos fazendo a verdadeira democracia. Todos terão direito, Sr. Presidente. Todos serão chamados a ser ouvidos pelos meios de comunicação. É a democracia na sua plenitude. O dia de hoje é da maior importância para a Câmara Municipal de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa, sensibilizada, agradece as palavras do Ver. Elói Guimarães, da Bancada do PDT, e também aos demais Vereadores que estão-se referindo a este fato, como é o caso da Vera. Maristela Maffei, Ver. Juarez Pinheiro, Vera. Maria do Rosário, que estão fazendo elogios. Cabe a nós dividir esses elogios com os funcionários, que lutaram com amor, com carinho, com paixão para que a coisa acontecesse.

Farei uma comunicação, por escrito, a todos os Srs. Vereadores, dando conta das questões que a Mesa determinou, através de seus seis componentes, junto com o Diretor-Geral, todos os dados componentes do Contrato, quem vai fazer o quê, qual é a programação prevista, tudo isso; que também será do conhecimento da população de Porto Alegre

 

O SR. GILBERTO BATISTA : Sr. Presidente, falo em nome da Bancada do PFL, quero parabenizar a Mesa Diretora por este ambicioso e vitorioso projeto que é a TV Câmara. Não só a Mesa como todos os funcionários da Casa, todos os Vereadores estão de parabéns, e a população de Porto Alegre ganha na qualidade do serviço público municipal de Porto Alegre. Parabenizo por este excelente trabalho, este projeto magnífico, e tenho certeza de que vão passar esses três meses - conforme foi anunciado na imprensa - e vai continuar dando essa amplitude para a população de Porto Alegre sobre o que é a Câmara Municipal. Parabéns.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa agradece.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, há uma seqüência de realizações que devem ser destacadas, enaltecidas, na sua Presidência. Faço isso com a maior naturalidade e espero que culmine com a ida para o Plenário grande.

 

O SR. PRESIDENTE: Seguramente. O Ver. Pedro Américo Leal vai ser o padrinho de honra da inauguração do novo Plenário - já estou pedindo licença para convidá-lo - com som novo e com algumas modificações, quem quiser pode verificar que está em pleno andamento. Pelo que tive notícias, hoje pela manhã, o cronograma de obras está sendo cumprido e possivelmente tenhamos, no dia 30, esse Plenário já em condições de uso.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, quero também, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, parabenizar a Presidência e a Mesa da Câmara por esta brilhante iniciativa e lembrar que a conquista da TV Câmara, TV Senado, TVs comunitárias foi uma conquista duramente arrancada da legislação que consolidou as TVs a cabo e o fato de a Câmara, antes mesmo da Assembléia Legislativa, colocar em caráter experimental o seu canal, demonstra o empenho de Porto Alegre, que foi decisivo no movimento social pela liberdade, pela democratização da imprensa, que tem o seu berço em Porto Alegre.

Quero dar os parabéns porque este foi um passo, como disse o Ver. Elói Guimarães, fundamental. Quero registrar que foi uma conquista do movimento pela democratização da comunicação o fato de assegurar à TV a cabo essa possibilidade de TVs comunitárias.

 

O SR. PRESIDENTE: Muito obrigado, Vereador. Esta é uma conquista de todos, apenas representamos uma vontade coletiva.

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra, para uma Comunicação de líder.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Partido Socialista Brasileiro também gostaria de parabenizar a Câmara de Vereadores, através da Presidência e da sua Mesa, por esta brilhante iniciativa. Não temos dúvidas de que quem vai lucrar com isto é o povo de Porto Alegre, que poderá, cada vez mais, acompanhar de perto as ações do Legislativo, do trabalho efetivo de seus Vereadores. Portanto, Sr. Presidente, parabéns por esta brilhante iniciativa.

O assunto que nos traz à tribuna é um assunto que já tivemos a oportunidade de debater. É mais especificamente a "freeway". No trecho próximo a Porto Alegre ocorrem sistematicamente assaltos e agressões. Estamos fazendo um alerta, porque está-se aproximando o período de verão e é nessa época que ocorre o maior número de assaltos e agressões naquele trecho.

No ano passado o PM Inácio Soares Ferrão, que fazia patrulhamento a pé na "freeway" foi morto.

Estamos encarecendo que o 11º Batalhão da Brigada Militar, juntamente com a Secretaria de Segurança Pública, coloque naquele local um efetivo mais sistemático para que as pessoas que, principalmente nos fins de semana, se deslocam para o litoral possam ter a tranqüilidade, a garantia de saber que seus carros não serão assolados com furos nos pneus e não tenham a família assaltada. Já ocorreram mortes, em anos anteriores.

Este é o nosso pedido: que a Secretaria de Segurança Pública possa, junto aos meios de comunicação, fazer um amplo alerta à população para que as pessoas que estiverem transitando naquele local, quando tiverem seus veículos avariados, não parem, para que, mesmo com os pneus danificados, prossigam, porque terão mais garantia.

Não tenho dúvida: o Poder Executivo, através da Brigada Militar e da Secretaria da Segurança Pública, vai colocar um efetivo para que a população da Grande Porto Alegre tenha mais segurança naquele trecho da "freeway". Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaria de fazer um anúncio, pois a cada segunda-feira, - um dos nossos colegas de trabalho, atualmente Coordenador Financeiro da Comissão de Licitações, é esportista, fundista, atleta, corredor - hoje traz uma medalha nova. Hoje é a medalha da Rústica dos Arquitetos. Uma corrida internacional. Trata-se do colega Francisco Hipólito. Ficou em sexto lugar na categoria "G" em nível nacional. Queremos dar parabéns ao nosso colega por mais esta conquista.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA<E>

 

Temos um Projeto que autoriza a abertura de crédito suplementar ao Departamento Municipal de Limpeza Urbana que necessita de um Parecer conjunto das Comissões. A idéia da Mesa é votar esse Parecer rapidamente antes de entrar nos Processos. Peço ao Sr. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Ver. Elói Guimarães, que assuma a Presidência dos trabalhos da reunião Conjunta das Comissões para a votação do Parecer .

 

O SR. ISAAC AINHORN (Esclarecimento): Sr. Presidente, os Projetos que serão objeto de discussão na Reunião Conjunta não se encontram ainda na Ordem do Dia?

 

O SR. PRESIDENTE: É apenas um, o PLE nº 051/97. Ele não está na Ordem do Dia de hoje, poderá entrar na quarta-feira se for votado o Parecer.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Esclarecimento): Algum dos Projetos que serão votados os seus Pareceres em reunião Conjunta e que se encontram em regime de urgência, estão na Ordem do Dia?

 

O SR. PRESIDENTE: Não.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Gostaria que fossem incluídos na Ordem do Dia de sexta-feira.

 

O SR. PRESIDENTE: A minha conta estava errada, realmente são 48 horas, poderá ser na sexta-feira.

(Suspendem-se os trabalhos às 17h44min)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz - às 18h02min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Sr. Presidente, o presente Requerimento, já acordado com algumas lideranças, pelo Ver. Renato Guimarães, é para que analisássemos na seguinte ordem os projetos da Ordem do Dia: páginas 12, 13, 14, 16, 8 e, depois, na seqüência, ou seja PLE nº 43/97, PLE nº 44/97, PLE nº 45/97, PLL nº 186/97 e o PELO nº 003/97.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós precisamos votar primeiro, Ver. Gerson Almeida, o PLE nº 21/97, que está na folha 7 que é um Veto total e a seguir, se for o caso, votar na seqüência que V. Exa. requereu. A seqüência prevê três orçamentos com Parecer favorável e sem Emenda.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Requerimento): Sr. Presidente, o Requerimento é no sentido de que o PLE nº 21/97, com Veto Total, seja colocado em último lugar.

 

O SR. PRESIDENTE: Há um problema, Ver. Cláudio Sebenelo, de ordem técnico-regimental, esse Projeto está no último prazo para ser votado, se fosse do contrário poder-se-ia deixá-lo para o último lugar; por isso, deve ser votado em primeiro lugar. E se não for votado, não poderemos votar mais nenhum outro Processo.

Em votação o Requerimento do Ver. Gerson Almeida, sem prejuízo do que já foi estabelecido em relação ao PLE nº 21/97.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Requerimento do Ver. Gerson Almeida, que busca reorientar a ordem da votação nesta tarde, em condições normais, deveria ser recebido com naturalidade, pois ele é racional: coloca matérias que têm relevância e até prazos para serem votadas em primeiro lugar, excetuando o Veto, que já se encontra no seu prazo limite e que tem que ser votado antes de qualquer outra matéria, por ser obstativo do andamento da Ordem do Dia na circunstância em que se encontra.

O que eu queria salientar, Sr. Presidente, é que nós estamos, às 6 horas da tarde, discutindo a ordem da votação. Passa-me a sensação, Ver. Gerson Almeida, de que a sua tentativa de reorientar a matéria vai ser um tanto quanto infrutífera. Parece-me difícil que nós possamos votar os Projetos Orçamentários nesta tarde, apesar de eles, na sua grande maioria, não terem Emendas. Mesmo assim, eles terão a discussão natural que caracteriza a aprovação da Lei de Meios, do Município.

O Veto do Sr. Prefeito Municipal ao Projeto de Lei da Vereadora Anamaria Negroni - um Projeto importante, que mereceu Veto Total -, certamente, ao menos no meu entendimento, vai justificar uma discussão em torno dele. Eu pretendo discuti-lo, e, discutindo esse Veto, cuja votação vai começar agora, às 6 horas da tarde, se tudo correr bem, nós, dificilmente, vamos ter a oportunidade de votar, hoje, as matérias orçamentárias, como era do desejo do Ver. Gerson Almeida.

Lamentavelmente, ou felizmente, a Casa teve vários fatos a registrar hoje à tarde: a homenagem a oficiais da Brigada Militar; a utilização da Tribuna Popular; a inversão da Ordem do Dia, com a colocação do Grande Expediente de forma prioritária, para que a homenagem pudesse ser realizada; atos referentes à história da Cidade, como foi a sessão de fotografias ocorrida no pórtico do Palácio Municipal. Todos esses acontecimentos justificaram o atraso.

Eu explico porque, Ver. Elói Guimarães: às 18h05min, nós não votamos nada ainda. Então, vamos ser honestos, é pretensioso que na tarde de hoje possamos votar a lei de meios do DEMHAB, DMLU, FESC, do Município, que são as leis mais importantes do Município, agora, no final da tarde, depois de discutir o Veto.

 Apóio a proposição de inversão, de reorientação da marcha dos trabalhos, alertando que, no meu modo de ver será inócua a tentativa que a Casa faz, tardiamente, de encaminhar processos que o bom juízo e o bom senso estabeleceriam, viável que ocorresse às 15h30min e não agora às 18h05min. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, reconhecendo que as colocações do Ver. Reginaldo Pujol são corretas, para que o Prefeito não diga que os Vereadores fazem jogo de cena, estou abrindo mão que o meu Projeto de Lei, que é o terceiro seria discutido depois dos dois vetos que, obrigatoriamente devem ser votados hoje. O terceiro é o que proíbe a construção em parques. Essa proibição já deixaria claro que lá, onde o Prefeito pretende fazer a Pista de Eventos, não seria viável. Até não estou muito preocupado, porque estou pensando que, para que ele faça naquele local que pretende fazer, ele precisa passar na Câmara Municipal, porque está alterando o uso do parque. Mas, de qualquer forma, para que o Prefeito não volte a dizer que os Vereadores fazem jogo de cena, estou abrindo mão da votação do meu projeto na ordem que está situado, seria o primeiro depois dos dois vetos. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. A nossa preocupação maior é, evidentemente, com o Veto do Sr. Prefeito ao Projeto que, no seu mérito, foi aprovado por esta Casa e que agora surge para um novo debate em função do Veto. É um projeto autorizativo que, no mérito, não há nenhum problema em ser autorizado. A nossa preocupação também é com relação ao andamento da Sessão, porque ultrapassando às 18 horas, haverá necessidade de prorrogação da Sessão, já que nós não encaminhamos os projetos maiores. Teremos a frustração de tempo para essa e outras matérias, pelas ocorrências de hoje - que vêm-se repetindo permanentemente, neste Plenário tão pequeno, esperando pelo nosso "Plenário" - que não têm-nos dado condições de maiores debates, fazendo com que cheguemos às 18h30min sem que tivéssemos encaminhado os projetos maiores. Segundo informações da Mesa do ponto de vista técnico, não pode ser transferido o Veto, tem que ser votado primeiro e, depois, as outras matérias. E aqui está a dificuldade, nós somos obrigados a votar uma matéria, e especialmente quando se trata de Veto do Prefeito, com uma série de debates e dificuldades que não vão ser cumpridas.

O meu encaminhamento é, Sr. Presidente que - e as razões técnicas já foram alegadas - se possível, este debate se estendesse, não em função do mérito, mas em função do Veto do Prefeito que, pelas condições em que foram minimizadas as exigências, poderia ter sido aceito já que a matéria tem mérito e tem consistência e esta Câmara já aprovou. Encaminho pedindo a consideração da Mesa e peço, mais uma vez, que V. Exa. veja se, do ponto de vista regimental, poderíamos examinar a matéria e, se não houver condições outras, vamos à votação. Em princípio, solicito ao Presidente a postergação, que vá para o final de reunião, porque poderia ser examinado melhor já que, ao Veto do Prefeito é fundamental um novo debate. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Às 18h42min será proposta a prorrogação da Sessão por duas horas, se for o caso. A Mesa responde ao Ver. Sebenelo, no sentido de que já havia esclarecido que o Veto já está na sua última sessão, não pode ser transferido, nem dentro da Ordem do Dia , tem de ser o primeiro projeto de hoje. V. Exa. há de convir que a Mesa não tem outra saída. Por outro lado, esclareça-se ao Ver. Pujol, que fez uma crítica aos andamentos dos trabalhos, que, na realidade, tudo que aconteceu aqui na Câmara era o que estava previsto. Nós tivemos a Tribuna Popular, o Grande Expediente e os tempos de Liderança . Então, não há como acelerarmos mais. Apelo para que se continue no processo de votação, porque ele é fundamental para que possamos ir "limpando" a Pauta que é muito extensa daqui até dia 15 de dezembro.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, para encaminhar o Requerimento de alteração na ordem dos trabalhos.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós temos a prioridade de um Veto, sequer cabe votação em relação ao Veto, cujo prazo é fatal. Conseqüentemente, neste momento, o imperativo que se impõe a todos nós é o exame do Veto. De outro lado, e ato imediato, temos que iniciar um debate do Orçamento. Sabemos, com certeza, que a matéria ensejará grandes debates, praticamente todos os Vereadores farão uso da palavra sobre esta matéria. Não sei se serão necessárias eventuais Sessões Extraordinárias para discussão geral e votação do Orçamento. Mas eu entendo que, neste momento, a proposta apresentada, de ordenação da Ordem do Dia, pela Bancada Petista, tem pertinência. Portanto, a Bancada do PDT na Casa, por delegação especial de meus colegas de Bancada, razão por que me encontro aqui, encaminha favoravelmente a proposta de organização da Ordem do Dia, no sentido de contemplarmos imediatamente, após o exame dos Vetos, que é imperativo legal, e ingressarmos na matéria orçamentária, cujo prazo fatal é 30 de novembro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não há mais inscrições para encaminhamentos. Em votação nominal por solicitação do Ver, Isaac Ainhorn, o Requerimento do Ver. Gerson Almeida. (Após a chamada .) APROVADO o Requerimento por 24 votos SIM.                                                                                                             

 O Ver. Paulo Brum está com a palavra.

 

O SR. PAULO BRUM (Esclarecimento): Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Aqueles que estiveram presentes no início da Sessão sabem do fato que eu trouxe a esta Câmara, sobre um rapaz que precisava de assistência médica. Quero agradecer o pronto atendimento do nosso Vereador Dr. Cláudio Sebenelo. A minha assessoria informou que estiveram no Hospital Conceição e já está com o pedido de baixa. Se o rapaz precisar baixar, estará garantido o seu direito à saúde. Muito obrigado, Ver. Sebenelo. (Palmas. )

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Foi uma iniciativa do Ver. Paulo Brum, e eu não fiz nada mais do que a minha obrigação. Cumprimento o Ver. Paulo Brum pela sua preocupação em auxiliar uma pessoa com um problema tão grave, sério. Tenho certeza de que qualquer outro Vereador que tivesse condições teria procedido da mesma forma.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

PROC. 0648/97 -  VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 021/97, de autoria da Verª. Anamaria Negroni, que autoriza a construção de crematórios para incineração de cadáveres de animais e dá outras providências.

 

Parecer

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela manutenção do Veto Total.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- adiada a discussão por uma Sessão.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto volta à deliberação do Plenário com o Veto aposto pelo Sr. Prefeito Municipal, com fundamento no artigo 94, inciso IV, da Lei Orgânica do Município, que estabelece como competência privativa do Prefeito dispor sobre a estrutura, a organização e o funcionamento da administração municipal. O projeto é um projeto autorizativo.

 Eu tenho dito, sistematicamente, aqui na Casa, que os chamados "projetos autorizativos", no âmbito deste Legislativo, precisam ser melhor entendidos. Eu sou um dos mais idosos da Casa, e esta condição, Ver. Pedro Américo Leal, eu não gostaria de tê-la. Quando, pela primeira vez, recebi o sufrágio popular que me permitiu representar uma parcela do povo de Porto Alegre, neste Legislativo, nos idos de 1972, eu era bem mais jovem. Naquela ocasião, eu era um dos mais jovens da Casa. E lembro que, naquele período, Ver. Juarez Pinheiro - V. Exa., que eu tenho dito com freqüência que é o legalista-mor da Casa, que tem posição firmada quanto a projetos autorizativo -, sob a vigência da antiga Lei Orgânica do Município, existia um instrumento legal à disposição dos Srs. Vereadores que era utilizado com freqüência e devidamente considerado pelos Prefeitos da época, que representavam aqueles estágios da reorganização nacional decorrente do movimento político militar de março de 1964.

Pois bem, Ver. Cláudio Sebenelo, V. Exa. que me honra com sua atenção, naquela ocasião, quando tínhamos que sugerir e propor alguma iniciativa ao Município, a Câmara o fazia através de um instrumento que se chamava Pedido de Providência, que era submetido previamente à Comissão de Constituição e Justiça, que, decidindo sobre a sua legalidade, fazia com que ele fosse encaminhado ao Executivo Municipal com uma recomendação positiva e não impositiva do Legislativo, para que o Sr. Prefeito Municipal tomasse determinada providência.

Esse instrumento, previsto na legislação atual, Ver. Eliseu Sabino, está inteiramente desmoralizado. Por quê? Porque não há sequer resposta ao Pedido de Providência, e isso gerou uma situação que já foi por mim estabelecida como sendo absolutamente de pânico de todo o conjunto desse sodalício, que, obstado de levar à termo as suas preocupações com os clamores da população, só pode eleger o Projeto de Lei autorizativo, como foi eleito pela Vera. Anamaria Negroni que ao tratar do problema dos animais irracionais, buscou fazê-lo da mesma forma com que o Ver. Clovis Ilgenfritz tratou da questão da cremação dos animais racionais.

Estou estabelecendo uma comparação que parece absurda, mas é verdadeira e retrata duas situações: a da incineração dos restos mortais dos animais racionais, leia-se "seres humanos", Projeto do Ver. Clovis Ilgenfritz, que mereceu a chancela do Executivo, e a cremação dos cadáveres dos animais irracionais, matéria menos relevante, que não deveria envolver choque de problemas filosóficos, doutrinários a respeito do assunto; porém, neste momento, ocorre o contrário. Agora, o Projeto Autorizativo fere o art. 94, inciso IV da Lei Orgânica Municipal e, anteriormente, não feria.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Tenho certeza de que a manifestação de Vossa Excelência representa uma valia enorme para os trabalhos legislativos desta Cidade. Infelizmente, porque isso é um avanço do ponto de vista da organização da Cidade. O Projeto do Ver. Clovis Ilgenfritz embora merecesse a chancela do Sr. Alcaide Municipal, não recebeu a execução que já mereceria ter sido feita. Agora, com relação aos animais irracionais, eu lamento o Veto porque ele tinha o mesmo padrão de natureza dos projetos autorizativos. Conseqüentemente, estranho que o Executivo tenha adotado dois pesos e duas medidas. Por isso me alio à posição que V. Exa. sustenta da tribuna. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo se inscreve e cede o seu tempo ao Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço ao Ver. Cláudio Sebenelo.

 

A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Objetivamente, Vereador, eu quero problematizar a questão e dizer que o Veto não se deve somente à questão legal do vício de origem, mas também à questão do mérito. Nossa Bancada já votou contrariamente a esse Projeto porque temos outra política fundamental para ser desenvolvida em relação à proteção dos animais na Cidade, que é, primeiro, a do próprio controle da natalidade, do atendimento global, da possibilidade de, em condições dignas, fazermos a criação, doação e comercialização dos animais na nossa Cidade.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço o aparte, mas lamento dizer que V. Exa. acentua uma dessintonia entre a posição da Bancada do Partido dos Trabalhadores e as razões do Veto do Sr. Prefeito Municipal, que são claras. Ele diz: que veta o referido Projeto de Lei por considerá-lo inorgânico. O art. 94, inciso IV, da LOM estabelece que "compete privativamente ao Prefeito dispor sobre a estrutura, organização e funcionamento da Administração Municipal". Esta é a razão fundamental do Veto. O Prefeito está cioso da sua competência privativa estabelecida no inciso IV do art. 94 e faz uma leitura equivocada do dispositivo legal que não tem essa extensão que pretende o Executivo Municipal nesse projeto apresentar, tanto não tem que, em situações semelhantes, foi tolerada presença e prospecção de um projeto apresentado na oportunidade pelo Ver. Clovis Ilgenfritz, que só mudava de objeto porque tratava de incineração; aquele de seres animais racionais; esse de seres animais irracionais.

Não adentro sequer nas razões propostas pela ilustre Vera. Anamaria Negroni, até porque não cabe rediscutir o mérito da proposição, a Casa entendeu de aprová-la. Acontece que estou me precatando, Ver. Eliseu Sabino, para que uma enxurrada de vetos não venha até esta Casa.

Há vários projetos do destacado 1º Secretário da Casa, Ver. Paulo Brum; vez por outra, vêm com essa alegação, de que o Ver. Paulo Brum estaria se intrometendo na administração municipal, porque, na defesa dos deficientes, faz proposições na forma de projeto autorizativo. Faz muito bem. Nem poderia esperar de V. Exa. outro procedimento senão este, coerente com a sua luta, com seu passado de defesa intransigente desse segmento da sociedade porto-alegrense, a qual V. Exa. tão bem representa nesta Casa.

Dentro dessa linha, Ver. Cláudio Sebenelo, eu diria que a Casa não pode, simplesmente, pela situação eventualmente hilária que este Projeto oferece, deixar de considerar o conjunto onde ele se encontra inserido, onde está a luta contínua, permanente, que esta Casa tem que manter no sentido de assegurar plenamente as suas prerrogativas de contribuir para a formação da base administrativa da Cidade, influenciando com suas idéias e sendo ressonância, por conseguinte, das propostas populares que emanam livremente e que têm que ressoar neste Legislativo.

Não está em jogo simplesmente a existência ou não na Cidade de Porto Alegre de um crematório para animais. Não está em jogo simplesmente isso. Aqui está inserido o problema de um "capitis diminutio" que se faz da capacidade legislativa do Vereador. E isso não é irracional nem racional, isso é uma estultice que se faz quando se tenta apequenar este Legislativo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra. Solicito ao Ver. Isaac Ainhorn que presida os trabalhos porque este Presidente precisa se ausentar por alguns instantes.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn ): O Ver. Elói está com a palavra.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu chamo a atenção do Plenário que não falamos mais para as paredes, falamos para, talvez, mil, duas mil, dez mil pessoas, ainda não dispomos dos dados.

Se trata de um Veto do Executivo a um Projeto de autoria da Vera. Anamaria Negroni. Eu tenho dito , invariavelmente, que o meu entendimento é contrário a esse tipo de iniciativa. Eu entendo que não existe na nomenclatura jurídica, constitucional, regimental essa figura do projeto autorizativo.

Do ponto de vista concreto, tanto faz vetar esse projeto como não, daria na mesma coisa, aconteceria a mesma coisa. O projeto autorizativo diz: autorizo o Prefeito. E é isso pura e simplesmente. Ele não faz e nada acontece, pois não há mecanismos e instrumentos capazes de se fazer aquilo que é da natureza da lei. A lei tem a cogência. A lei tem um comando que determina, dispõe e o projeto autorizativo não carrega isso, logo não é lei. Então não existe essa figura do projeto autorizativo. Seria mais eficaz, eficiente se a Casa adotasse o que está no Regimento que é o pedido de providências. E lembro que se utilizava bastante, no passado, este mecanismo, de uns tempos a esta data, passou-se a utilizar o referido projeto autorizativo que, no meu entender, não conduz, ele efetivamente não é instrumento apto a regrar as relações sociais, humanas, enfim, a relação que deve decorrer da norma da lei.

Quanto ao mérito, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a incansável mente também dizia, e citava aqui um jurista pátrio, um civilista, o Washington de Barros que a respeito do aspecto pujante da lei, da sua estrutura de comando, dizia que lei que não, dispõe, que não determina, é a mesma coisa que fogo que não queima, água que não molha. Reiteradamente, dizíamos aqui às paredes evidentemente e agora deveremos estar dizendo a algumas milhares de pessoas, colocando esse entendimento. Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quanto a esse aspecto tenho resistido aqui na Casa e não tenho feito projetos autorizativos. É evidente que se a prática se difundir e se cristalizar, eu também vou terminar me dobrando a esses precedentes, a essas iniciativas, que eu reputo que não é o melhor caminho, a melhor forma, o melhor instrumento. Até porque, vejam bem, e citava no passado, que muitas vezes num projeto autorizativo, se o proponente é amigo do Prefeito e usava uma figura de retórica - os amigos do rei -, ele sanciona, se não o é, não sanciona. Vejam que não é por aí o caminho mais adequado para se regular as questões do interesse da nossa comunidade.

 

Quanto ao mérito, eu acho que existem outros mecanismos mais econômicos para se atingir esses objetivos. Evidentemente, quando se fala em animal, está aqui implícito que se trata de animal irracional, deve ficar claro essa disposição, portanto, deverá ter outros mecanismos mais econômicos para que se atinja os objetivos externados pelo Projeto de iniciativa da Vera. Anamaria Negroni. Eu acompanharei o Veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Considerando estar esgotado o período normal de tempo da 106ª Sessão Ordinária, solicito que submetamos à votação a prorrogação por mais duas horas da Sessão.

Solicito ao Sr. Secretário que faça a chamada nominal por solicitação do Ver. Reginaldo Pujol. (Após a chamada.) REJEITADA a prorrogação por mais duas horas da Sessão por 12 votos SIM e 3 votos NÃO. Não havendo quórum para votação, declaro nula a presente votação.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h51min.)

 

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